Foi uma noite de bastante ansiedade nesta primeira edição do Popload Gig na relativamente nova casa de shows de São Paulo Audio Club. Em uma quinta feira fria, e que teve a grande sorte de coincidir com um show de Gustavo Lima que ocorria na casa ao lado (fato que fez subir o preço dos estacionamentos próximos, de uma maneira exponencial), o lugar foi de fato uma boa escolha para o show de Jagwar Ma. O local possuía estrutura e comodidade condizentes com o porte da banda, sendo que um nome maior não teria a mesma afinidade com o local, muito pelo fato do palco ser praticamente no nível do chão, o que dificultaria muito a vista de pessoas que se situassem mais para trás da pista.
Marcado para começar às 23h, a apresentação teve, infelizmente, um atraso que não era esperado para a organização do evento. Quando a marca dos trinta minutos de atraso foi atingida, era possível ouvir pessoas comentando e checando se haviam visto o horário correto do show – porém, elas tinham visto corretamente. Realmente, se tratava de um atraso absurdo. Mas, quando o cansaço já parecia vencer muita gente, ainda faltava passar o som que, diga-se de passagem, foi extremamente prejudicado pela falta de comunicação entre a equipe da banda e da casa. Passaram-se o teclados, o baixo e na hora de passar a guitarra, mais uma saga começava: ligar o amplificador. Em resumo, uma hora e meia de atraso e cinco pessoas para tentar ligar um amplificador. Após esta odisseia, o trio subiu ao palco.
Uma linha separava a plateia entre os que conseguiram se empolgar e os que não aguentavam de cansaço. Entretanto, a parcela mais animada, de fato, se animou. O som da banda possui uma característica minimalista e, aos ouvidos desatentos, pode parecer tedioso. Mas, uma apresentação ao vivo da banda serve para mostrar que Jagwar Ma realmente sabe o que faz. Empolgar uma plateia cansada com um som minimal não é uma tarefa fácil! Muito deste fato se deve pela presença de palco dos integrantes, que dançavam e se comunicavam enquanto tocavam faixas de seu novo disco Howlin.
Se não fosse pelo atraso e a falta de comunicação entre os roadies e a equipe, o show teria sido bem melhor. Os três rapazes são capazes de nos transportar a um ambiente distante, podendo ser comparado à lisergia de Tame Impala e Washed Out, com a diferença de que eles conseguem sustentar toda esta viagem com apenas uma nota (fato que leva esta hipnose a um nível inacreditável).
Mas, infelizmente, toda esta questão logística é um fato muito pesado para não ser considerado na nota final. Em uma futura próxima vez que a banda passar pelo país, vale a pena uma maior atenção por parte dos produtores. Entretanto, um show que merece ser visto.
