Apanhador Só – SESC Belenzinho (SP)

Misto de genialidade e emoção marcou o lançamento paulistano do segundo disco, “Antes que Tu Conte Outra”

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Fotos: Leonardo Mascaro
Nota: 4.5

Eu e mais algumas pessoas que conheço medimos às vezes se um show foi bom pela vontade que dá de ouvir o disco quando você chega em casa. Foi o caso desse, principalmente pela curiosidade que eu estava de comparar a maneira com que os timbres foram aproveitados no palco com as gravações que eu já tinha ouvido tantas vezes em meus fones de ouvido.

Com ingressos rapidamente esgotados, Apanhador Só fez o lançamento de seu segundo álbum, Antes que Tu Conte Outra, na capital paulista – a segunda apresentação na história do álbum. Com uma pegada bem diferente da que estávamos acostumados, o grupo revelou a fase de grande inventividade em que se encontra, com todos os integrantes alternando entre muitos instrumentos para criar os muitos sons que acompanham as letras. É todo um espírito bem diferente daquele do trabalho de estreia e que mostrou muito bem os papeis que os dois lançamentos seguintes, o EP Acústico-Sucateiro e o compacto Paraquedas, tiveram para registrar o caminho pelo qual a banda percorreu pra chegar até aqui.

O show começou e terminou igual o disco, com Mordido e Cartão-Postal, respectivamente, mas seu recheio teve muito mais que as dez outras faixas de Antes que Tu Conte Outra. A primeira surpresa foi a presença de seis músicos no palco, não apenas o quarteto de sempre. “É um show mais complexo do que a gente costuma fazer”, o vocalista Alexandre Kumpinski revela logo no início – não que, de cara, a gente não tenha percebido isso.

Ao longo da apresentação, os músicos andam bastante pelo palco trocando de instrumentos, ao ponto de, em Despirocar, o guitarrista ir pra bateria, o baterista ir pro baixo e o baixista comandar os sintetizadores, enquanto Kumpinski fica como o eixo central da performance com o vocal, nessa canção acompanhado do músico Ian Ramill, que também apresentou com o grupo outra de suas composições conjuntas, Mas Não (excelente, mas que acabou ficando de fora do álbum por motivos estruturais), e uma de seu trabalho solo, a faixa Coquetel Molotov.

O público tentava se conter nas cadeiras do teatro, soltando algumas interjeições ao longo da apresentação e tomando o palco pra tocar com a banda alguns dos ruídos de Nado. Deu pra sentir como as pessoas já tem suas músicas favoritas, como Vitta, Ian, Cassales e Não se Precipite, além de Torcicolo e Líquido Preto – antigas conhecidas nos shows agora gravadas no álbum – e as lançadas no ano passado, Paraquedas e Salão de Festas.

No bis improvisado, foi a plateia que encomendou Nescafé, emendada em Bem-me-leve. Em meio aos aplausos emocionados e impressionados, o que ficou foi o misto de um público que matava as saudades de uma banda muito querida, enquanto os músicos viravam baldes e pisavam em pedais para nos garantir que ninguém pode ter dúvidas da genialidade que paira sobre seu segundo disco.

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ARTISTA: Apanhador Só
MARCADORES: SESC Belenzinho

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.