Quarto Negro – Brain Nights, Studio SP

A primeira edição do evento recebe a banda paulistana como “headliner”, uma noite que contou até com DJ Sets do Vanguart

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Nota: 4.0

A primeira edição da Brain Nights (no Studio SP) contou com um line-up caprichado que tinha como protagonista a banda paulistana Quarto Negro, que tocou músicas de seu álbum Desconocidos e de lançamentos anteriores.

Entre as apresentações que abriram para a banda, o som ficou por conta de DJ sets caprichados – um comandado pelo próprio produtor do evento (Bruno Montalvão, da Brain Productions) e os outros dois por Hélio Flanders e Douglas Godoy, ambos da banda Vanguart. Muitos sucessos dos anos 90 nas caixas de som (como Oasis, R.E.M., Placebo, Supergrass e The Cardigans) alegraram o homogêneo público – que tinha uma grande maioria na faixa-etária que ouvia essas bandas na adolscência.

No palco, a cantora Laura Wrona, acompanhada de ótima banda, apresentou composições próprias alternando entre diversos instrumentos e com um interessante trabalho de interpretação das letras. Quem também mostrou suas criações foi o sergipano Arthur Matos, munido apenas de seu violão. Sua performance foi prejudicada pelo povo falando alto e um certo desinteresse da plateia em conferir um ato voz-e-violão em meio a apresentações com bandas e músicas para dançar com os DJs, mas quem de fato ouviu o músico aprovou seu trabalho.

A Quarto Negro tocou com a formação que se apresenta atualmente, com a dupla Eduardo Praça e Thiago Klein (os membros originais/fundadores) acompanhada de Guri Assis (guitarra), Guilherme Almeida (baixo)(ambos da banda Pública) e Leo Mattos (bateria). Como dito anteriormente, músicas como San Telmo, do EP Buu, dividiram espaço com canções de seu primeiro álbum, lançado no ano passado, como Vesânia I (Cabo Horn), Vesânia II (Delírio Mútuo) e a faixa-título – que teria seu videoclipe exibido em primeira mão naquela noite, mas imprevistos impediram que isso acontecesse.

O primor técnico da banda fica muito evidente até nos detalhes. Os cumprimentos iniciais ao público, logo após a primeira música, vieram acompanhados de indicações para a mesa de som sobre o retorno. Eduardo, que fazia aniversário, falava muito pouco entre uma música e outra e deixava sua guitarra dar o recado, em uma grande empolgação de comemorar a data fazendo aquilo que mais gosta.

Uma diferença entre a Quarto Negro ao vivo e no álbum é que as belas letras que conhecemos parecem ser tratadas com menor importância em relação ao instrumental. É a impressão que fica ao notarmos a atenção redobrada de todos com o que estão tocando, como se as canções fossem construídas pelos instrumentos e todos vocais viram coadjuvantes. Eles estão lá como parte integral da obra, mas quem os músicos coroam como a grande estrela é o instrumental.

Com isso, os momentos mais memoráveis da apresentação são aqueles em que paramos de cantar junto para acompanharmos com o coração na mão a dinâmica que os músicos estabelecem no palco. É o tipo de performance que oferece ao ouvinte uma intensa imersão perceptiva/sensorial – o que coloca a Quarto Negro como a escolha ideal para estrelar a primeira edição da Brain Nights.

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Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.