Feist – Pitchfork Music Festival 2012

Faltou confiança para a talentosa cantora canadense que encerrou o primeiro dia do festival com um belo show, mas sem muita conexão com o público

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Fotos: Monkeybuzz
Nota: 3.5

A primeira noite do festival chegava ao fim, mas ainda prometia belos momentos com a canadense Feist subindo ao palco. Um belo fator que influenciou todos os shows de encerramento durante os três dias, foi que eles começavam durante a tarde e terminavam durante a noite, sendo agraciados com uma luz muito bonita e adequada no caso da proposta da primeira headliner.

Simpática e doce como já era de se imaginar, a cantora entrou comentando que via o brilho na cara de todos após o lindo show do Dirty Projectors, que inclusive eles (a banda da cantora) haviam adorado. O figurino e o palco, estavam especialmente montados para a apresentação e lembravam muito um ambiente rústico, com roupas semelhantes à dos reis magos.

Em seu último trabalho, Metals, a artista e seus companheiros se isolaram nas montanhas, para que tal clima ficasse refletido na obra e claramente, a intenção continua na maneira com que montou seu show. Visivelmente era o mais produzido dentre todos que haviam se apresentado naquele dia, característica comum entre as grandes atrações de festivais.

A primeira música foi The Bad In Each Other, a mesma que abre seu disco e não há dúvidas de que a faixa é perfeita para introduções. Ela reflete bastante a fase rústica da cantora, com uma percussão bem marcada, apresenta sua bela voz, o potencial dos instrumentistas e vocalistas de apoio, além de ser uma bela canção para esquentar a plateia. Em seguida veio How Come You Never Go There, se não me engano, primeiro single do álbum.

O show estava indo perfeitamente bem, mas foi durante The Circle Married The Line que pudemos perceber uma falta de sincronismo entre público e artista. Essa que é uma das faixas mais belas do último álbum, nos fez passar por um momento “vergonha alheia” quando a banda fez silêncio e a cantora ergueu os microfones para o público cantar, mas como já devem imaginar, pouquíssima gente conhecia a letra, deixando-a visivelmente constrangida. Um pouco depois ela tentaria de novo, mas o resultado seria o mesmo.

Infelizmente, este não foi o único momento de desconforto na apresentação. Mais de uma vez, Feist tentava interagir com a plateia e esta não correspondia. A impressão que tínhamos é que a cantora queria provar para nós que ela merecia ser o grande nome do dia. O que ela não entendeu, é que isso não era preciso, já que ela é bela, carismática, tem uma voz incrível e músicos competentes e isso já é mais do que o bastante para encantar a plateia, como viria a provar o Vampire Weekend dois dias depois.

Tecnicamente o show foi impecável, as músicas pareciam ter sido minuciosamente pensadas para serem apresentadas ao vivo e traduzidas com a mesma “aura” do disco. Um dos pontos altos foi A Commotion, ainda mais impactante do que a versão de estúdio.

Em resumo, foi um belíssimo show, mas faltou confiança ou uma melhor orientação para Feist, mostrando a ela que sua música já é o bastante para encantar o público. Além de tudo, continua a incógnita do por que a artista realmente decidiu descartar seu grande sucesso 1234, claramente aguardada por grande parte dos presentes que foram embora cantarolando a canção nos arredores do Union Park.

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Autor:

Nerd de música e fundador do Monkeybuzz.