Foo Fighters – Estádio do Morumbi, SP

Banda condensou 20 anos de carreira em show para mais de 55 mil pessoas

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Nota: 4.0

Teve chuva, estádio repleto de luzes dos celulares, um pequeno tombo de Dave Grohl, pedido de casamento, plateia cantando o verso de uma música depois de seu fim, algumas piadas no palco, mais um pouco de chuva e muito Rock & Roll. Esse é o resumo de uma noite incrível para os mais de 55 mil fãs de Foo Fighters presentes no estádio do Morumbi nesta sexta (23). E até mesmo vocalista teve esta impressão, dizendo que este “foi um show inesquecível, que estas coisas não acontecem com frequência”.

Mas antes de chegar ao peixe grande da noite, vamos rebobinar a fita e voltar para o seu início. Raimundos entrou no horário combinado e, com pouco tempo para mostrar suas músicas, fez um show apressado e marcado por uma série de intempéries que prejudicaram o som, que se manteve em volume baixo e mal regulado durante grande parte da noite. A banda chegou até mesmo a tocar quase uma música inteira sem as caixas estarem funcionando. O quarteto apelou para seus hits para tentar manter o público cantando ou fazendo uma roda de bate cabeça (que foi pedida pelo vocalista do grupo), o que não se via quando tocava alguma música lançada depois de 1999.

Kaiser Chiefs subiu ao palco em seguida. Rick Wilson e seus comparsas mostraram novamente aquele frenesi roqueiro de sua apresentação no Lollapalooza de 2013. O vocalista corria de um lado para o outro, cantava no meio do público, ocasionalmente tocava sua meia lua e parecia dar tudo de si lá em cima no tablado, o que gerou um efeito muito positivo na plateia, não só entretendo-a, mas animando-a ainda mais para a apresentação que viria logo em seguida. Um casal atrás de mim, que parecia não conhecer a banda, chegou a comentar que “ele não parava nunca” e pareciam bem impressionados com o entusiasmo do frontman.

E de fato este foi um show muito animado, cheio de hits e de gente dançando na plateia, mesmo com uma chuva pesada castigando os presentes. Faixas como Everyday I Love You Less and Less, Everything Is Average Nowadays, Never Miss a Beat, I Predict a Riot, The Angry Mob e Ruby fizeram a alegria dos antigos fãs, que sabiam pouco, a grosso modo, do novo disco, Education, Education, Education & War, lançado no ano passado, visto que as faixas desse novo registro pareciam não empolgar tanto o público quanto as canções mais clássicas do grupo.

A chuva deu uma trégua quando Dave e companhia estavam prestes a subir no palco. Com uns cinco minutos de atraso, a grande atração da noite começou um espetáculo de simpatia e de animação que foi capaz de superar os problemas com o som, que ficou baixo durante toda noite, dificultando em alguns momentos perceber a dinâmica das músicas e que deixava evidente toda a conversa do público. Contornando esses problemas com a maestria que poucos vocalistas tem, Grohl justificou mais uma vez ser considerado o cara “mais gente boa do Rock”.

Something From Nothing, música de Sonic Highways, abriu o show. Durante a canção, o chão molhado fez com que o vocalista escorregasse e caísse, mas o músico se levantou prontamente e continuou tocando sem perder a pose. A apresentação seguiu sem maiores problemas em um desfile de hits que passeou por toda a carreira do grupo. Quase como um resumo de duas décadas de banda, a noite contou com sucessos The Pretender, Learn To Fly, My Hero, Monkey Wrench, Times Like These e All My Life, além de músicas novas como Congregation e Outside.

Grande parte destas canções eram exaustivamente alongadas, superando, em alguns casos, a barreira dos cinco minutos de improvisos e solos. Mesmo com quase três horas de show, o número de músicas não passou de 23 – o que também aconteceu na última apresentação da banda por aqui, no Lollpalooza de 2012, mas que pareceu se estender ainda mais em sua primeira turnê solo. Nessas jams, os músicos pareciam mais interessados em se divertir do que em entreter o público e gerou alguns momentos interessantes, como os covers de Rush (Tom Sawyer), Queen (Tie Your Mother Down e Under Preassure), Kiss (Detroit Rock City) e The Faces (Stay With Me). Até dava uma impressão de estar vendo os músicos brincando de ser super estrelas do Rock em uma garagem. Grohl chegou a dizer antes da canção de Freddie Mercury e David Bowie que “se não fosse por esses caras, nós não estaríamos aqui hoje”.

Em um desses longos solos, com as luzes do palco apagadas, os fãs ligaram os flashes de seus celulares e iluminaram o estádio. Neste momento, Grohl falou em um de seus monólogos que “aquilo estava bonito pra caralho” e ainda voltou a citar a iluminação em outro momento do show, quando disse que este era uma daquelas apresentações inesquecíveis, citando também o tombo, a chuva (que apareceu brevemente), o coro de “Ooooohs” de Best Of You depois da música já ter terminado e o pedido de casamento, que ocorreu em cima do palco com um final feliz e com direito a um breve momento acústico com as faixas Skin and Bones e Wheels.

Com quase três horas de show, a apresentação encerrou-se com a tradicional Everlong, entoada pelo público como um “até logo” para a banda, que em determinado momento da noite prometeu voltar logo para o país. Sem o praxe do bis ou sem anunciar o fim do espetáculo, o grupo se despediu dos presentes com sensação de dever cumprido e de ter vivido uma noite única.

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Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts