Kraftwerk – Sónar SP 2012

Show histórico misturou o legado da banda matriarca de todos os gêneros eletrônicos a projeções em 3D

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Nota: 4.5

O Brasil teve a honra de receber o show da alemã Kraftwerk apresentado apenas no MoMA em Nova York, com o recurso 3D adicionado às projeções nos telões, o que possibilita uma outra experiência ao vivo em que o audiovisual (música + vídeo) é a atração principal.

Com um considerável atraso, que contou com a enrolação do DJ set de James Blake preenchendo tempo, o quarteto entrou já ovacionado no palco, fruto da ansiedade de um público que parecia estar lá só para conferir a banda (o que me leva a pensar que muitos fãs de Björk cederam seus ingressos para os admiradores desses alemães, tão grande era o grupo que parecia ter ido apenas para esse show).

The Robots apresentava o quarteto e o tom da noite, com a voz mecatrônica entoando “We are the robots” e o verso repetido no telão com a profundidade que os óculos tridimensionais oferecem, o que ficou mais evidente ainda em Spacelab, com o público impressionado pela nave espacial que saltava da tela. Os gritos nesta parte, quanto alguns comentários que ouvi ao meu redor, deram a impressão de que muitos toparam assistir ao show pelo atrativo do 3D – o que, convenhamos, é uma pena em vista da qualidade e tradição da banda.

Esses quesitos foram sentidos em canções como The Man-Machine, Computer World, Autobahn, Computer Love e Radioactivity, todas comemoradas pela plateia em seus primeiros acordes e acompanhadas da empolgação que fez muita gente dar um jeito de dançar sem desgrudar os olhos do palco.

Enquanto um ou outro se encantava com a tridimensionalidade por si só, os mais atentos repararam o quanto esse recurso estava integralmente utilizado em favor das músicas, criando um terceiro produto. Não foi um mero show de música ao vivo, mas uma apresentação de obras audiovisuais que revelavam a tradição alemã na música eletrônica e no design, com diversas técnicas de vídeo, filme e animação que acompanhavam as variações de vertentes da Eletrônica que a Kraftwerk já influenciou ao longo das últimas quatro décadas.

Mesmo tendo entrado em jogo só no segundo tempo, após o cancelamento de Björk, a banda cumpriu espetacularmente seu papel como headliner da primeira noite do Sónar SP, reunindo tradição, legado e a inegável qualidade em sua música que a coloca como a matriarca do gênero. Sem dúvidas, um marco para qualquer fã de música que pôde testemunhar o evento.

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ARTISTA: Kraftwerk
MARCADORES: Sónar SP 2012

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.