“Peso” é a palavra que melhor define o quarto álbum da norte-americana Manchester Orchestra, tanto no sentido habitual do termo dentro do vocabulário do Rock, mas igualmente em uma tensão exausta de quem carrega muito nas costas há muito tempo – e sua discografia confere esse histórico.
Simple Math (2011), seu registro anterior, possuia uma variedade sonora maior para tratar os temas íntimos e quase existenciais que a banda sempre comunicou, o que acabou abrindo mais portas para Andy Hull e seus comparsas – tanto que foi com esse disco que a banda veio ao Brasil no Lollapalooza 2012. Desta vez, o disco se parece mais com Mean Everything to Nothing (2009) se levarmos em conta a estética musical. É sim um trabalho mais pesado nas guitarras e com uma grande “sujeira” entre as camadas. Sim, é mais pesado que o anterior.
Mas não é nisso que eu quero me concentrar. Faixas que viraram grandes sucessos da banda, como Shake It Out e a própria Simple Math, ou mesmo a tentativa Pop I’ve Got Friends e a colossal Mighty, carregavam uma força que reverberava até mesmo nos silêncios entre as músicas, entre os versos sobre decepção, abandono e arrependimento. Agora, quando tudo isso chega neste álbum, o cansaço tomou conta.
E é aí que Cope é uma obra pesada. Quando a faixa-título aparece para encerrar o disco, ela vem cansada não no sentido de que a música é feita desleixadamente. A exaustão chega amarga pela vida que inspira essas composições (“Cope” é um verbo em inglês que significa o ato de lidar com coisas negativas). Trees e o refrão “I want to believe, I gotta believe”, duas faixas antes, serve como clímax do álbum e, de certa forma, de tudo o que o quinteto fez até hoje.
A abertura com Top Notch e ambas The Ocean e Every Stone proporcionam os momentos mais agradáveis pra quem quer apenas curtir um som desse estilo, enquanto All I Really Wanted é uma música que poderia ser cartão de visitas da banda – se não pela qualidade, por conseguir resumir sonoramente muito do que Manchester Orchestra apresenta em seus outros discos.
Ao final de Cope, fica a impressão de um trabalho dark e cheio de mágoa, duas coisas que a banda dificilmente negaria a respeito da obra. Sua duração (menos de 40 minutos) é ideal para o replay e para o disco como um todo não pesar também no ouvinte. Vale a pena experimentar.