Future Islands chega agora a seu quarto álbum de estúdio, Singles, e mostra sua maturidade através da amplitude e força de seus sons, não de um título de veterano, que é o que costuma vir como selo de qualidade para a maioria das bandas que resistem ao tempo e aos modismos da música que vem e vão. O atual disco do trio de Baltimore reforça e reflete ainda mais essa afirmativa, que às vezes pode ser um tanto adversa para os demais.
Ainda falando sobre experiência, a sonoridade discorre-se quase inteira por um trabalho com cacife de gente grande e que não veio pra brincar de músico. Não está tentando acertar, já acertou e sabe muito bem o que está fazendo. Citar nomes como David Bowie, Echo & The Bunnyman, New Order e até Morrissey numa energia mais ousada não seria demais ao se deparar com boas canções como Back In The Tall Grass, Sun In The Morning, A Song For Our Grandfathers e Sun In The Morning. No entanto, se você é um jovem em plena atividade sanguínea, que procura hits barulhentos pra dançar até gastar os ossos, esse não é o terreno a ser desbravado por você. A ambientação aqui é elevada, com timbres e cordas bem cuidadas e sem muito espaço pra devaneios, um trabalho sisudo e que, por seguir uma linhagem firme e que tem quebras de padrões apenas lá no fim disco, pode ser considerado não tão cativante, mesmo permeado por arranjos doces e inventividades assertivas.
Os grandes pontos altos do trabalho da trinca estadunidense se concentram nos momentos derradeiros do registro: Fall From Grace já assume meio o papel que vai encarnar nos próximos pouco mais de quatro minutos. Toda a eferverscência que não havia sido emanada pelo trabalho explode de uma só vez aqui, em uma faixa densa e que traz até versos gritados pelo líder Sam Herring, mas tudo de uma maneira muito bem calculada, para não confundir seu ouvinte. O encerramento é regado por A Dream of You And Me, sendo a faixa com maior potencial de single por motivos óbvios: Fácil assimilação, letras fáceis e referências a um Rock retrô que dialoga mais facilmente que o restante do material apresentado até aqui.
Em suma, Futures Islands mostra ao que veio sem rodeios, e não à toa está vinculado ao crível selo 4AD. Tanto em performance, quanto em criação e composição, a banda exala fluidez sem sair de suas propostas, apresentando um trabalho louvável para a crítica e para um público mais seletivo, com chances ainda de convencer um grande público a longo prazo, se os tais resolverem realmente afinar seus ouvidos.