Resenhas

The War On Drugs – Lost In The Dream

Terceiro álbum do grupo mostra um onirismo em busca de si – seja do vocalista Adam Granduciel ou do ouvinte

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Ano: 2014
Selo: Secretly Canadian
# Faixas: 10
Estilos: Folk Rock, Americana
Duração: 60:27
Nota: 4.0
Produção: Adam Granduciel
SoundCloud: /tracks/122923868
Itunes: http://clk.tradedoubler.com/click?p=214843&a=2184158&url=https%3A%2F%2Fitunes.apple.com%2Fbr%2Falbum%2Flost-in-the-dream%2Fid765568650%3Fuo%3D4%26partnerId%3D2003

Uma foto envelhecida pelo tempo congela a cena de Adam Granduciel perdido em seus próprios pensamentos enquanto observa a vida acontecer pela janela. O título, Lost In The Dream, estampa este cenário e, a partir somente da capa, já se consegue tirar algumas conclusões e percepções sobre o terceiro disco de The War On Drugs. Dar o play nesta obra é mergulhar nessa meditação de Adam, que, como uma torrente de sonhos, às vezes se perde em si mesma, da mesma forma que se acha novamente e prossegue sonhando em um turbilhão de ideias.

O onirismo que emana do álbum nada tem a ver com alguma viagem transcendental ou lisérgica, mas com busca interior, com certo senso de entendimento de si mesmo, proporcionada também ao ouvinte. Aqui, convivem uma vastidão se sentimentos, que vagam entre angústia e euforia, em um encontro tão pessoal que é difícil não se identificar, um pouco que seja, com a bela obra. Por mais fragmentado e individual que pareçam suas letras ou narrativas, consegue-se tirar dali a essência do que o Adam quer passar e o que ele quis contemplar com sua obra.

Sonoramente, o álbum apresenta essas mesmas ideias em uma vívida palheta de cores e de sonoridades diferentes, um misto encantador entre Folk Rock, Americana, Shoegaze (principalmente na ambientação intoxicante e cheia de reverb) e em alguns momentos New Wave (como em Disappearing) – uma mistura que pode render comparações com Tom Petty, Bruce Springsteen e Kurt Vile, antigo colaborador do coletivo da Philadelphia.

As faixas de Lost In The Dream tomam seu próprio tempo para crescer e se destacam mais pela sua ambientação do que por qualquer tipo de urgência – justificando apenas dez músicas se estenderem por mais de uma hora. Ainda assim, esse é um disco dinâmico e repleto de momentos marcantes, como a música de abertura, Under The Pressure, mostra. Com seus quase oito minutos, a canção apresenta uma progressão interessante em que aos poucos vai adicionando seus diversos elementos: guitarras e voz em um primeiro momento, a entrada dos sintetizadores e saxofones em outro e uma linda jam instrumental ao seu fim – algo cativante e profundamente sedutor aos ouvidos.

A junção de letras e arranjos é vista desta mesma forma em outras canções, se destacando na acelerada Red Eyes (com a ótima apresentação dos instrumentos de sopro) e nas baladas Suffering e Eyes To The Wind. Cada uma a sua maneira, elas sabem se expandir e envolver o ouvinte em belas paisagens sonoras, quase sempre guiadas à guitarra, mas que ganham o constante acompanhamento de outros tantos instrumentos e da voz e maneira idiossincrática de cantar de Adam – que por momentos me fez lembrar de Bob Dylan.

Ao fim do álbum, nota-se que foto que estampa a capa traduz muito bem o que ouvimos. Algo “envelhecido” e puído no que diz respeito a suas influências, mas que ainda assim é capaz de encantar e trazer novidades aos ouvintes. Uma imersão nos pensamentos de Granduciel que pode servir também como a trilha sonora da viagem de autodescoberta do próprio ouvinte.

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Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts