Resenhas

Fanfarlo – Let’s Go Extinct

Álbum se mostra inexpressivo, apesar de apresentar significativo avanço em relação aos trabalhos anteriores

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Ano: 2014
Selo: Blue Horizon
# Faixas: 10
Estilos: Indie-Folk, Indie-Pop
Duração: 47:32
Nota: 2.0
Produção: David Wrench e Fanfarlo
SoundCloud: https://soundcloud.com/i-d-online-1/sets/album-premiere-fanfarlo-lets-go-extinct

Para quem acompanha os trabalhos da banda Fanfarlo, ao ouvir Let’s Go Extinct, seu terceiro álbum de estúdio, pode se deparar logo de cara com um som bem mais empolgante, maduro e ambicioso do que o inexpressivo Rooms Filled With Light, lançado em 2012. Neste novo álbum, eles tentam buscar uma certa explosão de vitalidade e superar sua limitações. Esse é provavelmente o motivo da banda ter lançado este trabalho, que se apresenta como o mais conciso e confiante de sua carreira até então.

Um pouco do que estava por vir pôde ser sentido no EP The Sea, de 2013, que já apresentava a faixa A Distance, presente neste álbum de 2014, mostrando um Fanfarlo mais dançante e bem menos introspectivo. Com a faixa e clipe de Landlocked, também previamente lançados, foi possível ter a mesma percepção.

As faixas já se mostravam permeadas por sintetizadores e teclados, destaques presentes na maioria do registro de Let’s Go Extinct. As faixas Life In The Sky, Cell Song e Myth Of Myself (A Ruse To Exploit Our Weaknesses) são alguns exemplos que mostram que a presença do lado mais sensível da banda permanece ali, mesmo apesar de todos os indícios apontando claras mudanças do som produzido pela banda.

Sentimos muito de um Folk moderno e seguro, permeando por vezes quase um Indie Iop com a festejante, ecoante e alegre voz de Simon Balthazar. Os elementos presentes em faixas como We’re The Future, The Beginning And The End e a própria Landlocked mostram passagens e sonoridades interessantes, porém muito diferentes das raízes de Fanfarlo.

A sonoridade parece um pouco perdida em sua própria apresentação, não parecendo nem retrô, nem moderna, nem boa, nem ruim. Ela trilham sempre um caminho mediano, não mostrando força para impulsionar a banda para um outro patamar, elevando-a para um nível além do pouco (ou muito) que é feito por outras tantas bandas hoje em dia. O álbum parece querer se sustentar em bases muito fracas, que aparentam ser muito maiores do que realmente são, mas acabam sendo nada mais do que “não ruins”.

As letras se apresentam como uma meditação melancólica sobre questionamentos da humanidade, a partir das nossas próprias origens. Este motivo não justifica, tampouco é necessário para a apreciação do registro, mas melhora muito a experiência para os ouvintes mais reflexivos que se permitirem mergulhar nas canções e letras. O som não deixa de ser feliz, animado e dançante, apresentando uma energia crescente em comparação a trabalhos anteriores.

Porém, o registro é cansativo. Ao longo de sua audição, parecemos estar sempre na mesma linha mediana que permeia as dez canções presentes ali. O álbum em si mostra boas intenções quando tenta buscar novas sonoridades dentro daquilo que já era feito anteriormente. O problema é que eles correm o risco fatal, neste caso, de oficialmente “serem extintos”, como o título do disco ironicamente sugere, caindo no esquecimento banhado pelo basicão.

Ele, de fato, melhora bastante na terceira ou quarta audição, e não podemos ir contra o argumento de que ele apresenta uma melhora significativa do que o segundo disco, mas ainda assim deixa a desejar. Fica então o questionamento do limite estabelecido pela própria banda de se elevar a uma produção que realmente edificasse e justificasse o empenho e boa produção do álbum, em faixas que podiam ser muito mais do que são.

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Autor:

Largadora por vocação. Largou faculdades, o primeiro namorado e o interior. Hoje só quer saber de arte, cinema, música, fotografia e sair correndo pelo mundo.