Para seu sexto álbum de estúdio, a banda Sigur Rós preparou um bonito e caprichado disco do Sigur Rós. Cada uma das oito novas composições de Valtari soa como grande parte do que a banda islandesa já fez ao longo de seus 18 anos de carreira – a boa notícia é que a qualidade continua excelente.
São apenas oito faixas, mas elas são tão longas que o disco tem quase 55 minutos. Cada uma delas tem começo, meio e fim muito bem definidos, o que chega a dar a impressão de que o disco se encerra a cada fim de música.
Como sempre, a voz de Jónsi brilha em meio às paisagens sonoras do álbum. Ekki Múkk, o primeiro single, coloca seu vocal em primeiro plano e lembra uma Glósóli às avessas, anticlímax, sem o grandeoso final. Em compensação, há muita densidade ali e em qualquer outro momento do disco, seja ela sonora ou emocional.
Aquela qualidade da banda de criar sons que colocam qualquer um em estado onírico continua firme e forte, com variações narrativas que transportam o ouvinte de sonho em sonho embalado pela musicalidade também da língua islandesa – agradável quando cantada até para quem não entende nada do que é dito (ou seja, maioria esmagadora da população mundial). Dauðalogn, por exemplo, é uma dessas com uma instrumentação esparsa e vocais prolongados com um coro ao fundo – ideal para te fazer sonhar acordado ou te colocar para dormir.
Esse é o argumento de muitos dos que não gostam do trabalho do Sigur Rós. Se você é um desses, só ouça Valtari em caso de insônia, mesmo. Caso você seja um admirador da banda, apenas saiba que o álbum não traz nenhuma Gobbledigook para animar. Mas que é bonito, ah, isso ele é.