O nome Warpaint não é novidade para ninguém. Ele circula no meio Indie desde 2008, quando o grupo, apadrinhado pelo ex-Red Hot Chili Pepper John Frusciante, lançou seu primeiro EP, Exquisite Corpse (obra que na época ganhou grande destaque no MySpace). Desde então, o quarteto de garotas de Los Angeles mostrava qualidade ímpar e sonoridade única. Trazendo tendências mistas entre Indie Rock, Rock Psicodélico, Dream Pop e Art Rock, a banda parecia não se encaixar em nenhum desses extremos e, por consequência, criar um estilo próprio – que foi visto potencializado no disco de estreia, lançado dois anos depois.
Provocante e profundamente atual, The Fool foi um fenômeno. Conseguindo atrair a atenção de muita gente, o álbum foi um hype instantâneo por onde quer que passasse (levando as meninas às páginas de diversos sites, revistas e blogs, além dos mais variados palcos ao redor do mundo, incluindo o de grandes festivais), porém, mais importante que isso, deixou uma boa impressão por quase todos os lugares em que foi ouvido.
Fundamentalmente, aquela obra trazia em peso a primeira amostra da sonoridade das garotas. Mostrava um envolvente duo de vozes e guitarras de Theresa Wayman and Emily Kokal, o baixo sedutor de Jenny Lee Lindberg e a bateria cheia de quebras e de um profundo senso rítmico de Stella Mozgawa. Esses elementos juntos formavam algo novo, uma sonoridade que daria um nó na cabeça de quem tentasse resumi-la em alguns poucos nomes de estilos. E esse é um dos pontos mais importantes da musicalidade da banda, trazer esse som, digamos, excêntrico e ao mesmo tempo com um apelo Pop sem igual. Uma verdadeira fórmula de sucesso.
Corajosas o suficiente para não seguir à risca a tal fórmula, em Warpaint, as garotas investem nos mesmos elementos, porém os trazem rearranjados e com uma proposta que transpira sensualidade, como a dupla Theresa e Emily tanto enfatizou em recentes entrevistas. Isso fica evidente logo de cara, já com as linhas provocativas e sedutoras de baixo e bateria de Intro e sua continuação em Keep It Healthy. Mas, perceba, não é uma sensualidade óbvia (tão explorada no mundo Pop por gente como Beyoncé, Rihanna ou Katy Perry). Aqui, as garotas sabem mostrá-la de forma sutil e envolvente (“sexy sem ser vulgar”), lembrando um pouco o que Massive Atack já fez (e faixas como Hi e Biggy trazem também um pouco do apelo Trip Hop do grupo inglês).
Mais calmo e deixando as faixas crescerem sem a menor urgência, o disco traz nuances diferentes em cada nova canção e, ainda assim, se torna menos caótico que a estreia das garotas. Mais uma vez se perdendo entre os mais diversos estilos, a banda consegue trazer ecos do Dream Pop (algo que pode lembrar até mesmo Zola Jesus, em Go In, por exemplo), algo próximo do Funk (Disco/Very), uma espécie de Folk Eletrônico (Teese) e até mesmo um pouco de Synthpop (Drive). Mais uma vez, a liberdade estética conduz o álbum, desta vez, se tornando um curioso e interessante misto guiado por esse viés sensual.
Assim como um bom vinho, Warpaint parece ser o resultado de uma maturação lenta e necessária para evidenciar ainda mais as qualidades da bebida. Se em 2008 a banda já se mostrava com bons predicados, esses cinco anos a tornou muito melhor, fez com que as garotas adquirissem mais confiança e certeza do estavam fazendo. O fruto disso é um disco que não fica em nada atrás de The Fool e até mesmo consegue superar essa obra em vários aspectos.