Resenhas

Jack White – Blunderbuss

Depois de mais de 20 anos de carreira e parcerias, o músico faz seu primeiro trabalho solo que, além de revisitar todas essas fases de sua carreira, traz um pouco mais dele mesmo

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Ano: 2012
Selo: Third Man Records
# Faixas: 13
Estilos: Blues Rock, Indie Rock, Rock Alternativo
Duração: 41:45
Nota: 4.5
Produção: Jack White
Livraria Cultura: 29716602

Se você gosta de algumas das inúmeras bandas de Jack White ou apenas simpatiza com essa figura genial, não tem como não gostar deste disco. Blunderbuss é um retrato do próprio músico, não só de suas bandas ou de tudo o que ele ouviu em sua vida. Vemos muito dele aqui, com uma sinceridade que não se percebia em seus outros trabalhos.

O álbum traz vários Jack diferentes: Jack Pop, Jack Rock, Jack Blues, o Punk e o romântico. Gosta de White Stripes, The Dead Weather ou The Raconteurs? Pode ouvir que tem tudo isso. Se você conhece os outros projetos paralelos dele, como Two-Star Tabernacle e The Go, também pode escutar o álbum que vai encontrar referências a eles também.

Blunderbuss parece fazer um resgate de todas as bandas que ele já teve contato e, por conta disso, o disco não segue uma linha bem definida. Jack viaja por vários estilos, épocas e referências (desde o som garageiro e cru do Stripes, passa um pouco pelo Blues que ele tanto gosta e ainda tem aquele toque de Jazz em algumas músicas), mas, mesmo assim, ele consegue criar uma unidade dentro do álbum, em que todas as músicas possuem boa qualidade e a identidade do músico em suas diversas formas.

O disco abre muito bem com Missing Pieces, marcada pela grande presença dos teclados (que está presente também no restante do trabalho) e, é claro, as guitarras. Sixteen Saltines vem com um som forte, cru, simples e poderoso e abre caminho pra uma das mais belas canções do disco, Freedom At 21, com sua forte percussão característica e os solos que nós já conhecemos.

A dobradinha Love Interruption e Blunderbuss dão uma desacelerada, a primeira mostrando seu lado mais romântico e a segunda com ar mais Folk e empeirado, passeando ainda pelo Country de sua terra natal – como em uma das bandas em que Jack tocou ainda nos 90 como baterista, Goober & The Peas. I’m Shakin’ mostra um lado mais comercial e dançante do músico, enquanto a incrível Hip (Eponymous) Poor Boy tem uma psicodelia dos anos 60 como a das bandas The Zombies e Small Faces. I Guess I Should Go to Sleep tem aquela vibe do Jazz e, entrando na reta final do disco, Take Me With You When You Go mostra, com um belo violino de fundo, um Jack sofrendo de amor.

Tudo nesse disco tem a cara de White: as letras e arranjos são de sua autoria, quem tocou os instrumentos foi ele – que também assina a produção – e até o estúdio e gravadora são seus. Se o disco não tem uma continuidade, a qualidade das músicas compensa essa falha. Ou, se quiser ver de outra forma, a obra mostra um grande resumo da carreira de Jack feito por suas próprias mãos.

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Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts