Muitos dos estilos que conhecemos em sua mais pura forma há algumas décadas, hoje em dia se encontram bem diferentes de sua gênese. Mutações, fusões, readaptações e releituras acabaram por evoluir os mais diversos gêneros e quase transformá-los em outros que guardam no seu próprio, somente um pouco do DNA de seu original. O R&B é um destes e desde o começo dos anos 2000 vem em uma acelerada evolução, principalmente pela sua fusão com diversos subgêneros da Música Eletrônica. Se isso se popularizou recentemente com artistas como The Weeknd e Frank Ocean, Peter Lawrie Winfield e seu Until The Ribbon Breaks quer levar isso ainda mais adiante.
Seu primeiro EP, A Taste Of Silver, vem na sequência de vários remixes de nomes consolidados (como Of Monsters and Men, Tegan and Sara, Laura Mvula e outros tantos) e mostra o resultado de todo seu talento e esforço em uma produção realmente autoral. Pressure foi a primeira de suas faixas a ser revelada e apresentava um lado próximo ao Hip-Hop que não se vê tanto ao se examinar toda a obra. Costurando elementos oníricos (como pianos e vozes) à outros mais sintéticos (as texturas e batidas eletrônicas e os diversos timbres dos sintetizadores), o produtor soube dosar e casar muito bem essas sonoridades, assim como soube trazer bem a presença do Hip-Hop ao seu misto R&B/Música Eletrônica, comumente chamado de “Future R&B” ou “Alt-R&B”.
O EP se ergue basicamente sob dois pilares. A lírica de Peter e sua forma de cantar é um deles, tendo até mesmo como mote em uma de suas faixas, o romance mais famoso de William Shakespeare. O outro são as fusões estilísticas. Trazendo elementos do Industrial (em 2025), mais um pouco de Hip-Hop (Perspective), traços do Pop (Romeo) e algo cinematográfico (Back To The Stars), a obra se constrói como um grande emaranhado de referências e boas letras que se juntam muito bem. Ainda que seja cedo para dizer, é muito possível que ainda ouviremos muito sobre Peter e seu ótimo projeto.