Resenhas

Shad – Flying Colours

Novo disco do rapper canadense é um sopro de diversão com levadas mais leves para um estilo que abusou e aproveitou-se do peso em 2013.

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Ano: 2013
Selo: Black Box Recordings
# Faixas: 12
Estilos: Hip Hop
Duração: 51:58
Nota: 4.0
Produção: Shad

Flying Colours é o amadurecimento que um artista precisa ter em sua carreira. Saber dosar influências e conseguir sincroniza-las em um disco, principalmente de Hip Hop é uma tarefa árdua. Como coincidir tantos samples, batidas e atmosferas em um só pacote? Como ter coesão em uma obra? Tais perguntas são muito bem respondidas no quarto trabalho de Shad um rapper com ares antigos e com ótimo senso de humor.

Como o single, Stylin com a participação de Saukrates em que mistura em uma mesma linha de versos: Nickelback (ele é canadense também), diplomatas, Kanye West, Common enquanto tenta descrever o ofício de um rapper, a síntese de palavras que muitas vezes não fazem sentido mas rimam entre si. É perceptível ver o músico dando risada na divertida e dançante música com toques Pop em seu refrão.

As faixas se conectam muito bem como a transição entre a balada sexy He Say, She Say e a psicodélica Dreams. O timbre de voz do músico ajuda nos momentos em que as batidas parecem preencher os espaços corretos mas que ainda necessitam de mais cor. Voadoras, elas passam por diversas influências como a quase Acapella, Progress Progress dividida em duas partes. Este momento exalta o histórico do músico que tem um mestrado em estudos liberais e já fez um Ted Talk. Como em um palanque denunciando mazelas,o rapper ganha a faixa a partir do momento que seus versos ganham uma épica e eficiente batida.

Algumas músicas são brilhantes como a calma, Remember to Remember com Lights, momento cuidadosamente feito para alcançar o estrelado das paradas de sucesso. Ou, Love Means com Eternia, faixa que expressa todas as influências do músico em letra e instrumentação. Claramente um Hip Hop dos anos 1990, baseado em kits de bateria acústicos e samples de jazzfunk, tem na participação da rapper o toque especial necessário ao disco. Shad, lembra como alguns músicos como Common, este lembrado de Jay-Z até De la Soul e celebrado naquela década, devem ser utilizados com a inspiração a ser seguida. Tudo parece se encaixar e é celebrado aqui.

Ao longo de doze faixas não chegamos a nos cansar em nenhum momento pois o disco não segue a ideia de uma batida e tenta segui-la até ao fim. No sentido contrário, faz uso de diversos elementos de música negra e cria Soul com Yall Know Me ou um Hip Hop mais ácido à la Chance the Rapper com a divertidíssima Fam Jam. Flying Colours soa contemporânea e muito mais alegre que outros momentos que o gênero nos proveu no ano de 2013. Misturado a boas referências e com um rapper que parece ter ficado preso em décadas passadas, acaba-se transformando em disco com um sopro necessário para o estilo, soando tão distinto e compreensível ao mesmo tempo.

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BOM PARA QUEM OUVE: Drake, Chance the Rapper, Outkast
ARTISTA: Shad
MARCADORES: Hip Hop, Ouça

Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.