Resenhas

Flaming Lips – Peace Sword EP

Obra inspirada em “O Jogo Do Exterminador” rende um EP tão sombrio quanto “The Terror”, porém estabelecido por uma linha narrativa

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Ano: 2013
Selo: Warner Bros. Records
# Faixas: 6
Estilos: Rock Psicodélico, Rock Experimental, Rock Conceitual
Duração: 35:58
Nota: 3.5

Continuando na mesma ambientação obscura de The Terror, álbum lançado por Wayne Coyne e companhia no começo desse ano, o novo EP do Flaming Lips se mostra seguindo nesta direção sonoramente sombria e às vezes tenebrosa. A faixa que nomeia o EP e as demais servem como uma espécie de “trilha sonora” inspirada em O Jogo Do Exterminador (originalmente Ender’s Game), filme inspirado na obra de ficção-científica de Orson Scott Card, no qual jovens são obrigados a se digladiar em uma sociedade distópica.

Fugindo do som mais Pop proposto anteriormente em discos clássicos do grupo como The Soft Bulletin, Yoshimi Battles the Pink Robots ou At War With the Mystics, Peace Sword se ergue como um emaranhando às vezes intransponível de sonoridades que bebem das usuais fontes psicodélicas do grupo, mas que também consegue se manter à parte de tudo isso para soar como novo.

Inspirado na distopia sugerida pelo livro e no pesadelo de The Terror, a banda de Oklahoma cria faixas como Assassin Beetle – The Dream Is Ending, mostrando a fusão destes dois mundos, se apropriando dos tambores militares e dos sintetizadores pulsantes e sombrios, de seu mais recente álbum, que, entre uma inserção sonora e outra, seguem se alternando durante seus mais de 10 minutos. Completando a ambientação lisérgica, os vocais frágeis e sussurrados de Wayne embalam o ouvinte em uma vertiginosa viagem alucinógena que encerra o álbum.

Ainda que os momentos mais obscuros dominem grande parte da obra, faixas como Is The Black At the End Good mostram seu lado mais otimista (ou pelo menos tentando ser), em uma balada guiada ao melodioso e doce piano, que mais tarde será acompanhando pelos sintetizadores e algumas batidas. Partindo para um lado ainda mais sinistro, Think Like A Machine, Not A Boy, é um emaranhado entre sintetizadores e instrumentação acústica, mostrando essa dicotomia que título e letra sugerem.

Apesar de conter somente seis faixas, o EP se estende por mais de 35 minutos de uma viagem que reflete isolamento, pesar, solidão e a redenção pelo amor, temas abordados na narrativa de Orson Scott. No geral, Peace Sword conta uma história, que assim que como Yoshimi Battles the Pink Robots, tem uma linha narrativa, aqui não tão bem definida, mas profunda quando se trata de explorar sentimentos. Outra diferença a ser sentida entre as duas obras é a falta da estética Pop e acessibilidade deste clássico lançado em 2002. Ainda assim, este EP nasce como uma ótima sequência para o álbum lançado nesse ano.

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Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts