Resenhas

Dr. Dog – B-Room

Banda lança álbum elegante, que, embora não estabeleça um território próprio, está focado na constante revisitação de suas influências

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Ano: 2013
Selo: Anti, Inc.
# Faixas: 12
Estilos: Rock & Roll, Indie Folk, Rock Psicodélico
Duração: 42:30
Nota: 4.0
Produção: Natha Sabatino
Itunes: http://clk.tradedoubler.com/click?p=214843&a=2184158&url=https%3A%2F%2Fitunes.apple.com%2Fbr%2Falbum%2Fb-room%2Fid673427975

Uma coisa chama a atenção ao ouvir o novo – e oitavo – álbum da carreira dos veteranos do Dr. Dog. O elegante B-Room parece surgir não do potencial criativo dos compositores, ou sequer da busca de uma particularidade sonora ao grupo, mas da manufatura de um ambiente específico, como verdadeiros e dedicados artesãos. Claro, quando digo “elegante” não me refiro a timbres limpos ou ao uso de instrumentos requintados, senão ao belo acabamento propositalmente rústico, que emana certa honestidade e parece fruto de muito trabalho em seus arranjos (fruto da carreira experiente dos integrantes) e, principalmente, de sua produção.

Dr. Dog não apoia sua necessidade musical na busca pelo novo e no árduo caminho de uma sonoridade própria, mas sim no constante revisitação de suas influências do passado. Este é o ponto mais delicado de B-Room (e que pode incomodar muita gente), e é nele que podemos diferenciar o limite tênue entre um artista de um artesão. Contudo, o primor técnico (ainda que não recaiam no pastiche de músicos eruditos viciados em arranjos sofisticadíssimos) é visível – ou melhor, audível – na organicidade das músicas gravadas ao vivo. `Processo construído lentamente e com muito trabalho, e, no caso de Dr Dog, literalmente, graças aos esforços conjuntos do grupo de construir o próprio estúdio de gravação.

Com seus timbres rebuscados (mesmo que isso signifique guitarras com overdrives rústicos e granulados vintage) B-Room possui leves variações de estilo que, embora habitem o mesmo universo, torna difícil de classificá-lo. O álbum que mistura o Funk com o Indie-Folk, passeia no Soul da melhor qualidade, em hits Indies à la Arcade Fire (Broken Heart), no Rock apoiado no Blues que evoca aos Black Keys, passando por uma aura de finos arranjos setentistas (até o “uh-yeah” próprio de um Supertramp e possivel identificar em Rock n’ Roll), chegando até a atmosfera lisérgica de um Animal Collective, ou talvez de um MGMT um pouco mais maduro (Twilight), com seu flanger somado a um delay ondulatório de Tame Impala.

Plurisonoro porém estranhamente coerente, em seu novo álbum Dr. Dog passeia pelo que há mais fino do hype, de referencias retrô até o encaixe suspeitosamente perfeito no que ha de melhor do Indie contemporâneo, mas, justamente por conta disto tudo, não estabelece um território próprio.

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Autor:

é músico e escreve sobre arte