É bom ver que a música brasileira atual não está apenas restringida no modelo voz e violão dos novos nomes do que pode ser chamado de MPB. Artistas vem inovando e trazendo novos elementos, ou resgatando, para comporem suas obras. E é com essa aventura sonora que o Cérebro Eletrônico, após três anos desde o último lançamento, chega com mais um novo disco: Vamos Pro Quarto!.
Há pouco mais de duas semanas Pepeu Gomes, Moraes Moreira e Roberta Sá (fazendo as vezes de Baby do Brasil) tocaram sucessos dos Novos Baianos em apresentação no Rock in Rio. Uma banda que infelizmente não é de conhecimento de boa parta de tal geração, mas que com certeza a deixou encantada e interessada em ouvir mais materiais que soassem de tal maneira. Guardadas as devidas proporções é um pouco dessa musicalidade, misturada com um toque de Tropicália e batidas eletrônicas que vemos nas canções de Vamos Pro Quarto!.
O quinteto paulista mais uma vez nos presenteia com letras divertidas e que oscilam entre o cotidiano como em Um Brinde aos Pássaros (“Viva os pássaros/Das matas, das florestas/Na caatinga e no cerrado/Pássaros em festa”) e Ancestrais Canibais(“Partiu/Da minha cabeça/A ideia de te ligar às/Cinco da matina/E te chamar prum/plá plá plá plá plá”) e utopias lisérgicas como em Egyptian Birinights(“Dentro de um quarto/Um casal num ato/Transcendental/É quando seres/De outros planetas/Chegam para abuser”) e na com toques de Os Mutantes, Liberem os Faunos (“Libertem os Faunos/Seres míticos, líricos/Toda luz é delírio”).
E tudo isso juntamente com arranjos instrumentais ritmados em um verde e amarelo experimentalista e intenso. O resultado é um álbum vivo e entorpecente, que te faz imergir no mundo da banda e se faz facilmente um dependente quimicamente musical da obra.
As surpresas ficam ainda para o final com A Internet Parou e a faixa escondida No Quartinho – faixa de 22 minutos que passa bem o sentido de “arte pela arte” – que se formam a partir de versos soltos e que aparentemente sem significados e coesão se envolvem de uma maneira que formam um sentido caótico e atmosférico dando um belo fechamento para esse que é mais um excelente trabalho do Cérebro Eletrônico que é de se fritar os miolos.