Resenhas

Manic Street Preachers – Rewind The Film

Embora um pouco mais suave que seus registros passados, novo trabalho da banda ainda vale ser escutado

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Ano: 2013
Selo: Columbia
# Faixas: 12
Estilos: Rock
Duração: 47:35
Nota: 4.0
Produção: Alex Silva

Manic Street Preachers são uma banda acima de qualquer suspeita, com, ao menos, três ou quatro discos sensacionais em seu catálogo. Mesmo nos trabalhos mais recentes, como o álbum anterior, Postcards From A Young Man, lançado em 2010, a banda é capaz de oferecer verdade em forma de letras e afinco Rock’n’Roll em personificado em arranjos e execuções pesadas e melodiosas, tudo na medida exata. Agora, em seu décimo-primeiro disco, gravado em Cardiff e Berlim, sob a supervisão de Alex Silva, responsável pela produção de um dos grandes discos do MSP, Holy Bible, a banda está de volta.

Depois de muito tempo a serviço de uma certa rotina de canções mais pesadas, Manic Street Preachers retorna com uma proposta rara em sua carreira: a ideia de Nicky Wire, James Dean Bradfield e Sean Moore é estabelecer uma conexão com o próprio passado da banda e mostrar aos fãs que tanto integrantes como o próprio Manics estão enfrentando um inimigo tão duro quanto a injustiça mundial ou a violência das grandes cidades atuais: a meia idade. Isso fica bem evidente no verso “How I hate middle age, in between acceptance and rage,” da quarta canção, com o sintomático título de “Builder of Routines”. Desta forma, a carga emocional das letras se mantém, enquanto o trio vai abraçando levadas em voz e violão (como na abertura, This Sullen Welsh Heart, com a participação de Lucy Rose), pequenas variações interessantes do pop sessentista, principalmente na brejeira Show Me The Wonder.

Outras participações especiais pipocam aqui e ali: Richard Hawley empresta seu soturno vocal e guitarra noturna para a faixa título, Cate Le Bon aparece em Four Lonely Roads. James declarou recentemente que 3 Ways To See Despair foi escrita para Morrissey, mas admite que não teve coragem de entregar a canção para o mancuniano, nem ao menos chamá-lo para participar do disco, temendo uma sonora negativa por parte dele. Mesmo assim, em meio a crises de identidade e conflitos com a imagem de uma velhice que insiste em se insinuar no horizonte, a banda mantém inalterada sua carga política em pelo menos uma canção: 30-Year War, escrita para “celebrar” o governo da ex-primeira ministra Margaret Thatcher, dois anos antes de sua morte.

Mesmo num clima mais contemplativo, Manic Street Preachers é garantia de relevância e belos momentos. Caia dentro sem medo, mas vá preparado/a para algo mais, digamos, suave.

OBS: há uma versão de luxo que traz um CD bônus com versões demo de todas as canções, além de registros ao vivo de There by the Grace of God, Stay Beautiful, Your Love Alone Is Not Enough, The Love of Richard Nixon e Revol, todas registradas na Night Of National Treasures, em 17 de dezembro de 2011, na O2 Arena, Londres.

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Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.