Placebo é uma banda que foi sem nunca ter sido, para usar uma frase criada para definir um personagem de novela há muito exibida. O que eu quero dizer com isso é que a banda liderada por Brian Molko sempre teve seu quinhão de competência, técnica e algumas poucas boas canções para conseguir seu lugar ao sol – e conseguiu por algum tempo – mas nunca chegou a empolgar totalmente. Sempre transmitiram aquela sensação de “quase lá”, sempre muito parecidos com a versão anos 90 do Depeche Mode ou como um Suede pasteurizado.
O fato é que Placebo chegou, atingiu seu momento mais luxuriante e competente no segundo disco, Without You I’m Nothing, lançado em 1998, sobretudo pela presença de uma grande, gloriosa canção chamada You Don’t Care About Us, tocada e cantada com urgência, guitarras aerodinâmiocas, bateria rápida e precisa e um Brian Molko andrógino na medida certa, nada caricato, totalmente fazendo sentido. A despeito da estreia simpática dois anos antes e da carreira que se consolidou a partir deste segundo disco, o Placebo seguiu causando alguma comoção de vez em quando, mas sempre ficando na supracitada condição de proximidade com o êxito definitivo, jamais alcançado.
Após algum tempo parada – o último lançamento foi em 2009, o soturno Battle For The Sun, o Placebo volta à carga com o seu sétimo disco de estúdio, conhecido entre os fãs como LLL, Loud Like Love. É um trabalho novamente competente, com algumas estratégias interessantes, como, por exemplo, a banda conduzir um talk show a ser transmitido via Youtube no dia do lançamento do disco, 16 de setembro, no qual tocará o repertório de LLL e entrevistará colaboradores da produção do trabalho. Além disso, há excentricidades como a colaboração da banda com o escritor americano Brett Easton Ellis, autor de American Psycho, no vídeo para o primeiro single do disco, Too Many Friends, que é uma canção sobre a diferença entre ter amigos “de verdade” e nas redes sociais, questionando os binômios verdade x farsa, amizade x interesse, mas de forma rápida e rasteira, chegando a um meio do caminho estéril.
Mesmo o instrumental seguro, com destaque para a competência habitual de Stefan Olsdal e a boa forma vocal de Molko não são suficientes para renovar o interesse pela banda. Talvez o destino de Loud Like Love seja a audição dedicada dos fãs do Placebo, que, provavelmente vão se interessar, perder o ímpeto e arquivar o disco em seu computador, estante ou onde for seu acumulador de dados. E isso será justo.