Resenhas

Janelle Monáe – The Electric Lady

Cantora dissolve de maneira sábia seus ideais conceituais em belo resgate do R&B e Soul dos anos 60

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Ano: 2013
Selo: Wondaland / Bad Boy / Warner Music
# Faixas: 19
Estilos: R&B, Soul, Neo Soul, Jazz, Funk
Duração: 30:07
Nota: 4.0
Produção: Janelle Monáe, Deep Cotton, Roman GianArthur, Sean "Diddy" Combs, Big Boi
Itunes: http://clk.tradedoubler.com/click?p=214843&a=2184158&url=https%3A%2F%2Fitunes.apple.com%2Fbr%2Falbum%2Fthe-electric-lady%2F

Desde que começou a lançar suas primeiras canções, Janelle Monáe segue um roteiro traçado por uma caneta de tinta invisível, que conduz seus passos de maneira bem elaborada sem deixar muitos vestígios de como chegou a tal nível de criação e produção de maneira tão bem elaborada e furtiva. Seu mais recente disco, The Electric Lady é o desdobramento das partes 4 e 5 de sua epopéia musical inspirada pelo filme Metropolis, lançado em 1927 e que conta a história de Cindi Mayweather, um andróide messiânico que foi trazido de volta no tempo e tem como missão libertar os cidadãos da cidade de mesmo nome da sociedade secreta The Great Divide, que usa sabiamente o tempo de viagem para suprimir a liberdade e amor.

Uma das melhores facetas de Janelle é a maneira como ela consegue unir ideais estruturados e focados em referências fortes e não tão fáceis de diluir através de canções dançantes que vagam entre o Pop e o R&B numa fluidez única desde sempre. Se em The ArchAndroid os hits principais eram Cold War e Tightrope, a cantora utilizou-se da sua imersão perante os bons contatos para fazer uso deles a seu favor: A jovem de Kansas é presenteada em seu registro com nomes do gênero que ainda fazem sucesso e outros que crescem aos poucos, aproveitando-se dessa parceria e configurando um bom combo de participações. O Rock vibrante e sensual de Prince em Givin’ Em’ What They Love, o R&B permeado pelo Pop e rimas com Solange em The Electric Lady, a percussiva faixa Q.U.E.E.N ao lado de Erykah Badu são momentos-chave no álbum, vale levar em conta até a balada romântica (e um tanto melosa) de Miguel com PrimeTime.

Apesar de estar atada a um mesmo contexto, as referências sonoras de Monáe em 2013, são em grande parte do disco ligadas ao resgate do Soul, Rythm & Blues, Jazz e Funk, deixando um pouco de lado o apelo a busca pela modernidade e filiando-se ao seus estilos de raiz, como pode ser vistos em mais grandes trabalhos neste ano através de artistas como Justin Timberlake, Daft Punk e Mayer Hawthorne. Um dos destaques deve-se a Dance Apocalyptic, que poderia facilmente ser uma versão atualizada de um sucesso de The Jackson 5, já que a estadunidense conseguiu aproximar seus vocais aos do príncipe do Pop quando pequeno de forma muito sábia. Intersecções instrumentais no decorrer do disco também transportam o ouvinte a momentos de mistério e as antigas programações de rádio com participação do público e apresentações com plateia no próprio estúdio como pode ser conferido em Good Morning Midnight, Suite IV Electric Overture e The Chrome Shoppe.

Apesar de não desagradar em nenhum momento, depois da metade, em que as canções relembram a sonoridade de Quadron, a pisada no freio parece conceder espaço para a desatenção, já que no final das contas, o material conta com mais de uma hora de gravação já finalizada. O trabalho enraigado num forte laço com o início da cantora ainda não permite que a própria se desvincule do que a ergueu perante a mídia, que no caso seria abrir um pouco mão do seu viés conceitual para que finalmente consiga produzir materiais menos alongados e mais furtivos.

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BOM PARA QUEM OUVE: Quadron, Solange, Jackson 5
MARCADORES: Funk, Jazz, Neo Soul, Ouça, R&B, Soul

Autor:

Jornalista por formação, fotógrafo sazonal e aventureiro no design gráfico.