Resenhas

Chelsea Wolfe – Pain is Beauty

Quarto disco da californiana procura novos ares de experimentalismo mas sem fugir de sua usual atmosfera sombria

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Ano: 2013
Selo: Sargent House
# Faixas: 12
Estilos: Dream Pop, Indie, Experimental
Duração: 55:00
Nota: 3.5
Produção: Ben Chisholm

Pain is Beauty parece um passo ainda mais largo da californiana Chelsea Wolfe rumo ao experimentalismo. No entanto, ao transparecer outras vertentes dentro de seu quarto disco, a cantora acaba entregando um trabalho sólido dentro da atmosfera escura e quase fúnebre, elementos já usuais em sua discografia.

Curiosamente, a sensação que temos é que as faixas são mais curtas do que realmente efetivamente são. A abertura Feral Love sobe e desce em seus acordes esparsos enquanto a sua metade final caminha para uma abertura maior dos pulmões da cantora, e esbanja sinceridade. Belíssimas surpresas vêm em inspirações diferenciadas, enquanto We Hit a Wall captura um espírito cinematográfico com toques de elevado drama, a ótima, também no nome, Destruction Makes The World Burn Brighter se aproxima mais do Surf e do Sol, ambos contidos obviamente na aura carregada da cantora.

Tais faixas não são necessariamente experimentais no sentido que esperamos de Chelsea, mas sim experimentos que buscam expandir o seu leque de composições. Entretanto, quando retorna ao lado um pouco mais eletrônico e “fora do eixo”, vemos o porquê de seu nome ainda ter grande impacto na música atual. House of Metal brinca muito bem com sintetizadores de órgãos e é feito em uma bateria em loop bastante efetiva. O seu clima sonhador torna a faixa a grande balada do disco. Kings tenta fazer o mesmo mas de uma forma muito mais pesada e obscura. Sensações de enjoo e náusea são passadas como em um grande filme de suspense, e a voz de Wolfe parece trazer agora, os pesadelos outrora esquecidos.

O toque mais cadenciado e soturno acaba cansando um pouco da metade pra frente do disco, e contrasta um pouco com seu lado A. Não que se mantenha longe da discografia da cantora, mas acaba perdendo um pouco a coesão, ou na verdade a falta dela em uma obra que exercita tantos estilos através de distintas inspirações. Sem decepcionar totalmente com as medianas Reins e Ancestor, The Ancients, surge um dos maiores momentos de todo o disco: They’ll Clap When You’re Gone. Seja pelo seu título excessivamente dramático ou pelo seu ritmo cadenciado, quase moribundo, o que realmente é relevante aqui é a sua última parte. Em uma transição digna de uma grande ópera, Wolfe surge com um dos melhores momentos de voz e uma orquestração belíssima, que evidencia as grandes faixas encontradas aqui.

Pain is Beauty tenta demonstrar um maior pluralismo da cantora californiana, e quando se mantém com este intuito, se destaca. No entanto, nem todos as faixas são tão relevantes, o que certamente não diminui o valor da obra mas certamente espanta uma audição contínua. No entanto, a belíssima voz de Wolfe continua espantando os seus demônios e os criando ao mesmo tempo em que despeja o seu estilo experimental e extremamente escuro. Um bom disco para você que estava com saudades de belíssimos vocais femininos fora do padrão usual de composições.

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Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.