Resenhas

Crystal Stilts – Nature Noir

Com uma face mais depressiva, porém não muito, novo disco da banda se mostra divertido sem muitos atrativos

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Ano: 2013
# Faixas: 10
Estilos: Indie Rock, Dark Surf Rock
Nota: 3.0
Produção: Crystal Stilts

Ainda que com uma carreira consideravelmente extensa, Crystal Stilts possui apenas dois álbuns de estúdio, entretanto, conseguiu firmar claramente o estilo que quer propor desde o começo: uma espécie de Indie Rock que empresta qualidades do Shoegaze e um certo Surf Rock um pouco mais obscuro. A sonoridade agradava bastante tantos aos fãs quanto aos críticos, o que rendia discos com notas de bom até ótimo. E, agora neste mês, a banda nos mostra uma proposta que, embora se assemelhe em certos pontos com os trabalhos antigos, há algumas novidades que intrigaram alguns fãs. Estamos falando de seu novo disco, Nature Noir.

Quem está escutando a banda pela primeira vez pode encarar esse álbum em específico como “Interpol Sai de Férias”. Temos uma face depressiva, mas que não chega a ser algo a tão triste, já que vemos uma exploração de ritmos mais animados juntamente com linhas de guitarras que exploram batidas mais dançantes. Ainda sobre as criações do guitarrista, temos ótimos exemplos de riffs que mostram muita expressão, ignorando os clichês do gênero de utilizar este instrumento apenas através de barulhos, como por exemplo em Darken The Door e Nature Noir.

Talvez o ponto mais alto do disco, seja a precisa boa escolha de timbres e melodias tocados no sintetizador. Por exemplo, no final da faixa Star Crawl há uma pequena frase de teclado que nos ambienta de forma a parecer que estamos escutando um sonho através de um rádio durante o movimento Expressionista Alemão (essas tentativa de tentar definir os sons propostos se revela uma das tarefas mais divertidas na escuta do álbum em questão). Citando novamente a faixa Darken The Floor, a banda escolhe um timbre que simula uma melodia característica de uma civilização egípcia.

Há também uma característica presente em algumas faixas deste disco que pode interessar novos ouvintes. Há arranjos de cordas que se assemelham muito à produção de obras do Arcade Fire, em especial Funeral, de 2004. Não que isso seja um fator negativo na obra como um tudo. Muito pelo contrário: essa sonoridade antiga e com belíssimos arranjos se a agrega à proposta do conjunto, sendo um dos pontos positivos.

De uma forma geral, a sonoridade está mais depressiva mas nem tanto. Não há um disco muito chamativo por si só, mas é divertido de escutar. Se você não conhece a banda, talvez seja interessante conhecê-los por esse registro.

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Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique