Escutar Crash of Rhinos é como viajar no tempo para a minha adolescência, pelo menos. Apesar de ser um disco com elementos um pouco mais atuais como o Math Rock com guitarras entrelaçadas, mudanças no tempo da música e linhas criativas, o vocal já nos denuncia, estamos diante de um disco de Emocore. Sim, isso mesmo.
Antes que você torça o nariz e relembre daquele seu amiguinho com franja no olho esquerdo, roupas pretas e a simples justificativa de que se sentia livre para poder chorar escutando música, temos que entender um pouco o conceito do estilo. Emocore vêm de “emotional hardcore”, gênero que pegava um pouco o lirismo do Punk Rock, os misturava ao Hardcore e unia tudo isso com letras emotivas que normalmente retratavam fim de relacionamentos e outras tristezas sentimentais. Era música que servia com o propósito de emocionar com peso do som.
Sinceramente, eu nunca prestei muita atenção as letras do estilo, e quando curtia algumas bandas era mais pela instrumentação diferente do que pelo seu conteúdo lírico. Ao escutar Knots temos a sensação de que as letras são apenas mais um elemento dentro da emoção passada como a raiva em Opener, faixa com um vocal gritado e intenso ou a melancolia esperançosa de Luck Has A Name. Aliás o nervosismo e as veias estouradas no pescoço são sentidas em diversas faixas, o que nos remete ao fato de que o Emocore cru, tipo Fugazi, sempre foi assim e que outros bandas começaram a banalizar o estilo e encontrar respostas nos mais jovens e no Pop.
Hardcore pesado é visto Interiors e Mannheim, faixas muito boas e interessantes. Mas algo também em Knots nos faz lembrar porque o gênero se tornou um nicho e acabou, e retomando o comentário acima, começou a se banalizar. Os vocais alternados entre a melancolia e a raiva, vozes de certa forma inseguras e frágeis, acabam enjoando em certos momentos. Apesar de a instrumentação ser interessante, criativa, e as letras nem tão relevantes assim, escutar a semelhança na forma de cantar em diversas faixas acaba sendo um tormento às vezes.
Como a ótima Standards & Practice com um Math Rock muito interessante, diversas variações estruturais mas com um vocal cansativo. Quando pensamos na música sendo feita aqui, a emoção é passada nos acordes, nas pausas enérgicas que te fazem pensar na vida ou nos gritos estridentes que parecem chamar os demônios para dançarem.Talvez o Emo ainda encontre no seu público atual, pessoas preocupadas mais com a sua estrutura musical do que com as suas letras propriamente. No entanto, o gênero não parece demonstrar tanta evolução em Knots mas sim uma simples lembrança do que escutávamos quando éramos mais jovens. Uma boa memória mas que provavelmente precise de algo a mais para que se torne algo realmente marcante.
