Resenhas

Moderat – II

Segundo disco do grupo após quatro anos ainda demonstra que o grupo é relevante no meio, e serve de inspiração aos demais

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Ano: 2013
Selo: Monkeytown Records
# Faixas: 11
Estilos: Eletrônica
Duração: 53:00
Nota: 4.0
Produção: Moderat

O lançamento há quatro anos do primeiro e único disco do Moderat causou um certo furor no meio eletrônico ao unir dois grandes nomes da cena de Berlim, Apparat e Modeselektor. Nele batidas vistosas com inspirações no Eletro e no House tomavam forma com vocais Pop daqueles bastante característicos da Europa. No meio deste hiato muitas coisas aconteceram, como a própria disseminação da música eletrônica dentro tanto do meio Indie como o Mainstream, por isso que quem acompanha a cena pode achar que II é um trabalho datado, já comum.

Entretanto, julgar um grupo que praticamente iniciou tal gênero as massas é um sacrilégio sem fim. Omitir o seu campo de visão para um dos melhores discos de eletrônico do ano. Dividindo faixas entre as instrumentais e aquelas com o vocais, II é uma viagem sonora sem fim. Bad Kingdom, uma das primeiras faixas traz uma mistura perfeitas entre voz e instrumentação sintetizada enquanto Versions é mais cadenciada, subindo e descendo o seu volume para que o seu ouvinte se sinta mais envolvido.

No meio de tudo isso, vemos como a construção de música eletrônica é mais difícil e autoral do que se imagina. Como justificar que Milk, música de dez minutos, não caia no marasmo entre expectativa x realidade? Ao demonstrar que o minimalismo e a diferenciação de texturas dentro de uma música eletrônica justificam tanto tempo para sentir a batida caindo. 11 faixas não fazem com que o disco se torne cansativo em sua grande duração, 53 minutos. Cada música parece ser colocada como um excerto a ser usada no cotidiano e a beleza e direção das mesmas nos levam a constatação de que se a cena está assim na atualidade é por causa de grupos como o Moderat.

A dobradinha Therapy e Gita é o ápice da obra. A primeira é uma música instrumental que assim como o seu título se propõe a expor é uma verdadeira terapia musical. Sintetizadores aumentam e diminuem a sua intensidade e são colocados no meio de samples de voz. Em sua metade vemos uma mudança de proposta, uma linha de baixo parece colocar o curso da faixa em outro patamar, no entanto, é só uma perfeita desconstrução sonora e aos poucos o tema inicial é retomado como se nada tivesse acontecido. Gita é um R&B sexy, eletrônico e tem os pés fincados nas pista de dança. Os vocais puxam o melhor do Pop e fazem inveja a qualquer produtor que queira se envolver no meio. Faixa perfeita e com certeza memorável no ano de 2013.

No meio de tudo isso ainda sobra espaço para uma maior experimentação na faixa House, This Time ou no Dubstep de Ilona. Para aqueles que justificavam que tal obra não teria tanto impacto por estar datada no atual cenário musical, é melhor repensar os seus prejulgamentos pois se não irá perder um dos melhores discos de eletrônico do ano. Funcionando muito bem entre as pistas e o headphone pessoal, o disco tangencia o gênero ao criar verdadeiras pérolas musicais.

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BOM PARA QUEM OUVE: Modeselektor, Four Tet, Burial
ARTISTA: Moderat
MARCADORES: Eletrônica, Ouça

Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.