Resenhas

James Holden – The Inheritors

Com pouco mais de uma hora de duração o produtor viaja para o futuro através do passado, apresentando uma musicalidade ao mesmo tempo futurista e bruta

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Ano: 2013
Selo: Border Community
# Faixas: 15
Estilos: IDM, Microhouse, Techno, Ambient Music
Duração: 01:15:29
Nota: 3.5
Produção: James Holden
SoundCloud: /tracks/91250939
Itunes: http://clk.tradedoubler.com/click?p=214843&a=2184158&url=https%3A%2F%2Fitunes.apple.com%2Fbr%2Falbum%2Fthe-inheritors%2Fid6

Ao analisar um disco muitas vezes a capa se torna uma pequena foto em nossos players e não algo que realmente se torne uma extensão daquela obra. Por mais que as faixas The Inheritors consigam falar por si só, me parece que a arte da capa expressa tanto sobre o disco quanto elas. Mais do que isso, elas parecem se complementar.

Sim, como você pode observar a capa deste disco é uma pedra, porém não uma rocha qualquer. Seu tom cinzento e sua aparência bruta, dura e rudimentar contrastam com as ranhuras e pequenos detalhes talhados cuidadosamente nela – desenhos abstratos que parecem ao mesmo tempo primitivos e futurísticos. E essa é uma dicotomia muito interessante que se estende também paras as faixas.

É como se o novo e o velho se encontrassem em um só ponto. Velhas ideias e referências musicais sendo propagadas por tons futurísticos através da Música Eletrônica. Mesmo o tom vintage de algumas músicas (provocados pelos timbres dos sintetizadores e drum machinhes) não “estragam” esse clima “De Volta Para o Futuro” em que James Holden se propõem em mergulhar.

Renata é uma das faixas que melhor exemplificam isso com o grande uso dos sintetizadores e texturas old school, mas que ao mesmo tempo parecem transmitir a visão do futuro, porém do ponto de vista de quem viveu há 30 anos.

Mas por mais que a proposta seja mergulhar no velho, diversos novos estilos são usados aqui, como IDM, Microhouse, Techno e Ambient Music, mas sem os trazê-los de forma coesa. James parece pular de estilo em estilo em cada uma de suas faixas – e o que pode fazer alguns ouvintes se chatearem por não encontrar muitos pares para suas músicas favoritas.

Outro ponto em o disco pode perder mais alguns pontos com o ouvinte são as faixas levadas à Ambient Music – no que parece ser um tributo “Lo-Fi” à música do Boards Of Canada. Faixas como The Illuminations ou Inter-City 125 acabam se tornando monótonas e sujas demais para a proposta do estilo – ainda que se encaixem perfeitamente na obra.

Ainda que com grandes pontos de flutuabilidade estilística, a estética e conceito do álbum se mantém quase inalterados ao longo de suas 15 faixas (que somam mais de uma hora). E no fim das contas James Holden fez de The Inheritors um trabalho conceitual consistente em que o velho e o novo não soam como uma antítese e sim com uma soma.

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Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts