Resenhas

Mixhell – Spaces

Debut do projeto eletrônico de Iggor Cavalera caminha para lados inesperados e acessíveis, fazendo com que o disco alcance facilmente as pistas

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Ano: 2013
Selo: Boyznoize Records
# Faixas: 10
Estilos: Eletrônica
Nota: 4.0
Produção: Mixhell

Um trio de Eletro que envolve o nome de Iggor Cavalera, ex-baterista do Sepultura, tem no mínimo um caráter de peso envolvido. Feito em parceria com a sua esposa, Laima Leyton, e Max Blum, tem diversos elementos que trazem intensidade ao seu som, mas surpreendentemente fazem um mix extremamente acessível e com um grande espaço para as pistas.

Mixhell, projeto que sempre carregará primeiro o nome de um dos grandes percussionistas brasileiros, faz um som eletrônico com elementos usuais do estilo, como samples, sintetizadores e grande pós produção. No entanto, a bateria de Iggor é orgânica no projeto, tirando um pouco a sensação de estarmos diante de um pad do instrumento emulado através de computadores mas sim de um ser humano tocando-o. Tal sensação é muito proveitosa e dá toques rítmicos realmente diferenciados.

O peso? Sim, ele existe e, logo de início, Antigalactic parece surgir de um arcade espacial antigo. Sons polifônicos se misturam a uma bateria tribal intensa, enquanto o baixo sintetizado causa a sensação de já não estarmos no mesmo universo. Esta mistura de sons condizentes com um filme de ficção-científica pode ser vista em Internal, interlúdio bastante interessante, enquanto Exit Wound tem uma linha de bateria criativa e a participação de Greg Puciato, e alguns vocais guturais ao final para não esquecer com quem estamos lidando.

Mas a característica mais marcante e interessante do projeto está no lado mais dançante de suas faixas. A voz de Laima dá um tom bem característico de Eletro sujo, com ares Punk que eram muito comuns no início do século. Um pouco de LCD Soundystem é visto em The Edge e principalmente, The Way uma das músicas de mais destaque em Spaces. O vocal hipnótico se mistura a uma batida quebrada e viciante. Colocada em loop, serve como aquecimento para qualquer festa da atualidade.

Um pouco de House é visto em Daria, com uma interessante bateria que troca todo o peso por ritmos bem colocados, e coloca uma guitarra swingada que poderia fazer inveja ao novo do Daft Punk. O nível de produção é excelente e podemos ver que o envolvimento de Iggor com a música eletrônica só eleva o seu patamar de músico a outros níveis. Lançado por um dos selos mais importantes do estilo, Boyznoize Records, demonstra uma segurança em um debut pouca vezes vista por aí. A viagem sonora está dada e não estranhe se deparar-se com faixas do projeto em baladas ou comerciais por aí, e, como pede a última música do disco, Come with Me e curta essa viagem sonora Cyberpunk.

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BOM PARA QUEM OUVE: Database, Four Tet, LCD Soundsystem
ARTISTA: Mixhell
MARCADORES: Eletrônica, Ouça

Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.