Resenhas

Pet Shop Boys – Electric

Novo disco do duo tem êxito em retomar o sentimento dos dias de glória do conjunto

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Ano: 2013
Selo: Sony Music
# Faixas: 9
Estilos: Pop-Rock, Pop, Dance Alternativo
Duração: 49:14
Nota: 4.5
Produção: Stuart Price

Neil Tennant e Chris Lowe, conhecidos como Pet Shop Boys, são dois sujeitos extremamente competentes. Seus trabalhos nos anos 80 e meados dos 90, influenciou vários artistas contemporâneos, que vão atrás de remixes assinados pela dupla para suas próprias canções, além de fazerem versões de seus sucessos de tempos idos. Os PSB nunca deixaram o palco, nunca pararam de lançar discos, mas algo aconteceu após o lançamento de Bilingual, em 1996.

Os timbres elegantes, a eletrônica sutil e inteligente, as belas canções pop com ganchos irresistíveis pareciam perdidas. Em seu lugar vieram músicas sem brilho, numa evidente queda de produção. A dupla continuou tentando e lançou vários trabalhos ao longo dos anos 00, alternando discos inéditos, trilhas sonoras, coletâneas, álbuns ao vivo, até que, em 2012, soltaram um novíssimo compêndio de canções: Elysium. Ainda que não fosse brilhante como a produção até 1996, havia algo que suscitava esperança numa recuperação. E isso veio, finalmente, no disco contraponto de Elysium, Electric.

Os PSB declararam recentemente que procuram alternar climas em seus lançamentos. Se Elysium exibia texturas contemplativas e não exatamente voltadas para a pista de dança, Electric, como o nome já entrega, é feito totalmente para mexer o esqueleto. Talvez seja o disco em que a dupla mais se preocupa em exibir uma sonoridade dançante por excelência, ainda que se permita ousar e retomar seu senso de humor britânico, ingrediente chave para seu brilho. Temos então canções como Axis, que abre o disco, totalmente instrumental, na verdade, uma progressão de beats e ritmos com vozes inaudíveis soterradas pela sonzeira. Bolshy, que vem em seguida, é retrô, podendo ter lugar num disco como Very, que eles soltaram em 1993. O humor implacável vem em Love Is A Bourgeois Construct, na qual, em meio a teclados que arranham timbres pop, falam sobre o real valor dessa coisa chamada amor.

O grande movimento genial de Electric está na ousadia da dupla em se apoderar de um rock de ninguém menos que Bruce Springsteen e torná-lo algo a meio caminho entre dança e contemplação. O resultado com a versão de The Last To Die (originalmente gravada pelo Boss em Magic, de 2009) A dupla já fez isso recentemente (coverizando I Started A Joke, dos Bee Gees) e há muito tempo, quando fundiu U2 (I Still Haven’t Found What I’m Looking For) com Frankie Valli (Can’t Take My Eyes Off You). Além dela, Shout In The Evening, Thursday e Vocal, vêm em seguida, mantendo o excelente nível de Electric. Por mais que traga canções legais, não há nada nos mesmos termos de hits colossais como Being Boring ou It’s A Sin. O charme de Electric é o conjunto, a proposta de retomar os dias de glória do passado. E eles conseguem.

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Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.