Resenhas

Hebronix – Unreal

Com faixas extensas e doses emotivas, álbum traz um Blumberg introspectivo e diferente do que viamos nos outros projetos do músico

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Ano: 2013
Selo: ATP Recordings
# Faixas: 6
Estilos: Dream Pop. Shoegaze
Duração: 45:48
Nota: 3.5
Produção: Neil Hagerty

Cerca de um mês e meio atrás formos surpreendidos duplamente: primeiro com o anuncio da saída de Daniel Blumberg do Yuck, e depois, com o anuncio de seu projeto solo, que viemos a saber logo depois que se chamaria Hebronix, o quarto projeto do músico e que tem sua estreia com o álbum Unreal.

Deixando de lado o caótico som do Yuck, Daniel se debruça em uma sonoridade muito mais branda e calma, sem muito elementos de Noise, e com uma dose Pop maior. Além disso, apesar de ser composto por apenas seis faixas, o EP é extenso com mais de cinco minutos cada, o que faz o álbum ficar com boas extensões instrumentais na duração das músicas, o que resultam em instantes de reflexão e intrsopecção.

E é justamente esse o ponto do novo projeto de Blumberg, músicas com temáticas mais pessoais, intimais e emotivas. Tal tônica justifica que o músico tenha escolhido esse espaço que a carreira solo lhe proporcionou em Oupa e que agora recebe uma outra cara, agora sem ser em versão desplugada e com um novo Daniel, mudado com o passar desses anos.

Com canções extensas e bom forte presença emotiva, o disco soa libertário e confessional, parecendo ser um diário de Blumberg que vinha sendo guardado e rabiscado por entre seus tempos livres. Se no Yuck – tido aqui como referência por ser o último trabalho do músico – a roupagem era mais caótica e frenética, com apenas alguns pontos de calmaria como em Suicide Policeman, em Herbonix vemos o acúmulo desses sentimentos cinzas e lacrimais preenchendo os compassos das canções.

Tudo muito bem dosado – mesmo com as extensões instrumentais e de duração – Daniel estreia seu novo eu solitário com uma obra confessional e belamente triste. Uma tristeza que consegue ser passada sem precisar se restringir ao acústico, aos gritos de amargura ou outras rotulagens típicas que temos de músicas de expressão sentimental. Com uma certa constância de instrumentais sublimados, Daniel insere elementos de Noise sutis, ou até mesmo instrumentos como xilofones e cordas – vistos em Viral- resultando em uma mistura de expressões de sentimentos que obtemos ao olharmos para dentro de nós.

Se por um lado ficamos órfãos de sua voz compondo o quarteto com Mariko, Jonny e Max, ganhamos um bonito disco, mostrando mais uma vez, que aparentemente, por onde passa, Blumberg deixa bons frutos.

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BOM PARA QUEM OUVE: Cajun Dance Party, Oupa, Yuck
MARCADORES: EP, Novo Projeto

Autor:

Marketeiro, baixista, e sempre ouvindo música. Precisa comer toneladas de arroz com feijão para chegar a ser um Thunderbird (mas faz o que pode).