Resenhas

The Pastels – Slow Summits

Banda escocesa produz uma joia de perfeição Pop e que pode ser considerado ensolarado, trazendo muitas participações após hiato de 16 anos

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Ano: 2013
Selo: Domino
# Faixas: 10
Estilos: Indie Pop, Rock Alternativo
Duração: 43:27
Nota: 4.5
Produção: John McEntire
SoundCloud: /tracks/90316499
Itunes: http://clk.tradedoubler.com/click?p=214843&a=2184158&url=https%3A%2F%2Fitunes.apple.com%2Fbr%2Falbum%2Fslow-summits%2Fid645

Este escriba sempre foi um fã de resenhas sobre música. Hoje é uma arte meio banalizada, mas já foi motivo de pequenas-grandes revoluções estéticas anunciadas e revelação de novos caminhos musicais. Há vários tipos de resenha, claro, mas talvez meu favorito seja a resenha que atribui adjetivos como “ensolarado” a um determinado disco. Como vivemos uma terra abençoada com luz e calor na maioria do ano, não faz tanto sentido adjetivar discos desta forma, mas, quando você mora na Escócia e teima em fazer música leve, melodiosa e, por que não, solar, imagino que seja um grande objetivo atingido.

Assim é com este novo trabalho do Pastels. Pra quem não sabe e é fã de bandas como Teenage Fanclub ou Belle And Sebastian, provavelmente elas só tiveram lugar na história por conta dos Pastels, até porque, a formação nativa de Glasgow desde o longínquo ano de 1982. No comando tático sempre esteve Stephen Pastel, que iniciou seu contato com a música através da administração do selo 53rd and 3rd, responsável pelo surgimento de gente como Jesus And Mary Chain, BMX Bandits, Vaselines e Soup Drangons, só pra mencionar uns poucos. Enquanto isso, manteve sua própria banda, The Pastels.

Ao longo do tempo, Pastel viu integrantes irem e virem mas The Pastels mantiveram um núcleo pensante constante, formado por ele e por Katrina Mitchell, multiinstrumentista, cantora e figura carimbada. A interação entre os dois produziu várias versões do que se chamava de Anorak Pop, ou seja, uma música essencialmente para tímidos e retraídos, algo que, devidamente enguitarrado nos anos 90, seria conhecido como shoegazer e, mais tarde, devidamente despido de guitarras no meio/fim da mesma década, daria ao mundo a sonoridade Pop levíssima de Belle And Sebastian e Camera Obscura. The Pastels, no entanto, sempre carregou consigo a aura dos grandes hiatos entre discos, o magnetismo de contar com vários amigos e convidados em seus trabalhos, além de obter uma tonalidade diáfana em sua música, capaz de torná-la muito próxima do efeito visual de uma aquarela, se é que isso é possível. Claro que é.

Slow Summits é seu novo disco, uma joia de perfeição Pop. igualmente cheia de convidados, entre eles os japoneses do Tenniscoats, a irmã de Katrina, Alison e Norman “Teenage Fanclub” Blake, um habituê nessas quermesses que são os discos dos Pastels. A produção ficou a cargo do eficiente John McEntire, o sujeito que encaixou a sonoridade de bandas como Sea And Cake e Tortoise nos anos 90, aparando arestas e aperfeiçoando seus registros. Aqui, essa atividade quase pasteurizadora não se faz sentir de forma ostensiva, pelo contrário, a ação de McEntire serve para dar mais foco ao som dos Pastels. Exemplos estão por toda parte, mas as belezinhas que são Check My Heart, Summer Rain e Secret Music, mostram-se capazes de derreter o gelo mais eterno que envolva o coração mais duro.

Se o seu negócio é Pop próximo da perfeição, cheio de melodia, acenos a um verão imemorial, palco de ritos de passagem e encontros de mãos dados de tarde num parque verdejante, Slow Summits é o seu lar. Mesmo que tudo isso aconteça em outro cenário, provavelmente a música evocará um meio ambiente de fofura e escudos protetores contra o mal. Creiam.

The Pastels – Illuminum Song

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Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.