Resenhas

The Jet Age of Tomorrow – The Jellyfish Mentality

Duo de produtores membros do coletivo Wolf Gang faz uma bela apresentação de portfólio e demonstra o seu valor quando incorporado a outros artistas.

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Ano: 2013
Selo: Odd Future Records
# Faixas: 21
Estilos: Hip Hop, Acid Jazz, R&B
Duração: 66:00
Nota: 3.5
Produção: The Jet Age of Tomorrow
SoundCloud: Duo de produtores membros do coletivo Wolf Gang faz uma bela apresentação de portfólio

The Jet Age of Tomorrow é mais um dos atos relacionados ao coletivo de Hip Hop OFWGKTA e tem como membros o duo de produtores formados por Matt Martians e Hal Willians. Diferentemente do visto em Tyler, the Creator e Earl Sweatshirt, temos em The Jellyfish Mentality um disco muito mais leve que passa por diversas vertentes da Black Music e da música eletrônica.

A obra como um todo pode ser vista como um exercício de produção do duo, o qual demonstra o seu talento em faixas instrumentais como Warping Walls e seu Jazz étnico ou os ares de Dance Music em Special K. A obra como um todo flutua por diversos momentos ou inspirações, mas quando os pés estão fincados no R&B e no Hip Hop é que temos os grandes momentos. Tais músicas são acrescidas de participações especiais que dão um toque diferenciado ao trabalho do duo, e evidenciam melhor o seu talento. Desert N’ Dark com o feat. em seu título dos Stepkids. Nela uma linha de baixo funkeada se mistura a percussão leve, enquanto um trabalho de voz deixaria Frank Ocean com inveja devido ao seu Swing e apelo sexual.

Earl aparece aqui em One Take e divide os microfones com Casey Veggies, fazendo aqui os seus costumeiros versos ácidos incorporados a batidas minimalista. Veggies surpreende e transforme o seu pequeno espaço em um holofote, trazendo um timbre de voz interessante quando misturado ao de Earl. O ótimo Hodgy Beats, dono de uma participação em duas faixas clássicas de Tyler, Jamba e Analog, tem aqui uma apresentação digna de seu currículo. Em Naked vemos o jovem rapper delinear a sua voz através de uma das melhores batidas do disco, um trompete viciante que aparece de repente e traz um ar extremamente psicodélico à música.

Em pouco mais de 21 faixas temos um claro exemplo da pluralidade do duo de produtores. Faixas como Square com um baixo orgânico ou Mushy com suas diversas texturas incorporadas ao Funk, fazem de The Jet Age um Flying Lotus menos experimental e mais enraizado nas batidas feitas no início do Hip Hop dos anos 1980. Estes pequenos samples são inspirados em um leque gigantesco de ritmos da Black Music, passando do Jazz dos anos 1950 até o R&B dos anos 1970. O único problema com as faixas instrumentais é que as mesmas dão a impressão de que algo está faltando, talvez um Rap ou a participação de outros artistas. Escutadas de forma separada, dão a impressão de que temos um material excelente para qualquer rapper versar e utilizar estas belas batidas.

São em faixas como Wonderful World com Domo Genesis ou A Place Where Lovers Go com Jesse Boykins III que tais mazelas são contornadas. A primeira é uma excelente faixa de Hip Hop e Domo utiliza as batidas criadas ao seu favor, sendo um elemento complementar muito bem-vindo a produção do duo. A segunda é um R&B espacial e psicodélico, sendo feito para momentos bem íntimos entre dois seres apaixonados. Delicada mas ao mesmo tempo sensual, a faixa se destaca dentro do álbum.

O Jet Age continua mostrando-se um duo de produtores bastante talentosos, trazendo referências e batidas diferenciadas aos seus companheiros de Wolf Gang. Aqui o peso de batidas graves é deixado de lado em favor de uma orquestração mais orgânica, inspirada na Black Music de raiz. A verdade é que o portfólio atual do duo foi muito bem demonstrado através deste disco, que só não leva uma nota melhor por justamente soar muito cru e com a necessidade de participações especias para que o seu real valor seja notado. Entretanto não estranho se o Jet Age começar a aparecer como produtor de diversos rappers do circuito.

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Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.