Resenhas

Deerhunter – Monomania

Espontaneidade e jovialidade são os temperos de um disco ruidoso com pelo menos uma faixa excelente e outras que valem sua atenção

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Ano: 2013
Selo: 4AD
# Faixas: 12
Estilos: Indie Rock, Noise Rock, Garage Rock
Duração: 43:25
Nota: 3.5
Produção: Nicolas Vernhes

Jovial e barulhento, Deerhunter apresenta uma interessante coleção de canções no hiperativo Monomania, um disco cheio de quebras e mudanças de ritmos com uma certa cara de “improviso” que pode dividir opiniões – tanto de quem já conhece o som da banda, quanto dos novos ouvintes.

A faixa-título foi o primeiro contato que tivemos com o álbum, um mês antes de seu lançamento, e foi difícil não ficar impressionado com ela. É uma música de uma energia ímpar ao longo de seus mais de cinco minutos de duração, cheia de muitos sons que se atropelam durante o percurso. Quem chegou até o disco esperando mais canções assim encontrou, na verdade, produções menos escandalosas e marcantes, ainda que algumas tenham personalidade forte (e essas são as melhores).

Mesmo dando nome à obra, Monomania é a décima e antepenúltima faixa, o que dá uma sensação nas primeiras audições de que você está percorrendo todas as outras para chegar até ela, o ponto alto absoluto do álbum. No caminho, encontramos algumas boas surpresas, como Leather Jacket II e Pensacola, além da divertida Dram Captain, uma música com cara de futuro hit e uma referência a Queen que faz qualquer fã de música sorrir.

Diminuindo o ritmo, The Missing e T.H.M. dão alguns respiros à toda energia, assim como Sleepwalking. Todas essas citadas são, de alguma forma, um pouco parecidas e pode demorar algum tempo para que a tal “personalidade” de cada uma apareça, mas vale a pena ouvir todo o álbum algumas vezes para aproveitar a brincadeira por completo.

As mudanças bruscas na direção, como a transição entre Sleepwalking e Back to the Middle, reforçam um caráter imediatista deste trabalho. É como se o disco tivesse algum déficit de atenção que o faz querer pegar o próximo brinquedo à vista e incluí-lo no total. A bagunça resulta em algo não muito desorganizado, mas que pode ser cansativo e parecer, em certos momentos, levemente desnecessário.

O que fica é essa cara de improviso, de um álbum feito na emoção, na intuição. Deerhunter não é nenhuma novata e sabe em quais territórios pisar – e fazer tanta coisa tão livremente assim sem se perder pelo caminho é algo que nem todos conseguem.

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Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.