Keep Moving é, talvez, o nome mais apropriado para a nova fase de Andrew Stockdale, músico líder da extinta Wolfmother, que lá em 2005 fez grande sucesso levando o Rock Psicodélico feito na Austrália ao Mundo. Desde então, o músico viu sua banda se desintegrando aos poucos até chegar ao ponto de ser o único membro original e se ver desconfortável em levar à frente sozinho o nome de uma banda que era formada originalmente por três músicos. Há algumas semanas o guitarrista e vocalista anunciou o fim dela, mas anunciou também o começo de um novo passo em sua carreira, agora trilhada de maneira solitária.
Na forma deste pequeno EP, o músico dá este passo e o faz apresentando uma sonoridade mais acessível e até mais divertida do que a que sua banda apresentava na década passada. Decididamente trilhando um caminho mais Pop, Andrew brinca com as mesmas referências lisérgicas dos anos 70, mas consegue trazê-las de forma mais fácil e palatável. A sonoridade do músico continua sendo basicamente construída a partir de seus ótimos riffs, produção límpida e poucos efeitos (o que é raro em um gênero tão marcado pelo abuso desses para criar o efeito hipnótico das canções). A novidade aqui fica por conta da presença do baixo – inexistente no som do Wolfmother -, que consegue trazer um refinamento maior à musicalidade de cada uma das faixas.
Long Way To Go, até agora principal single de Keep Moving e do álbum de mesmo nome a ser lançado em junho, abre a pequena obra quase como uma continuação de Cosmic Egg, derradeiro álbum da Wolfmother. Seus riffs precisos e voz estridente de Stockdale podem remeter a algumas fases do Led Zeppelin, e o músico consegue isso aliando o peso de sua guitarra às suas melodias extremamente pegajosas. Ainda que as letras não sejam tão consistentes, a música cria um bom inicio para o EP. Neste mesmo viés, a faixa-título se aproxima bastante dos riffs pesados e bem trabalhados de Jimmy Page. Nessa, a sólida linha de baixo se encontra com a dinâmica e agressiva guitarra de Andrew, trazendo à tona comparações com os primórdios do Hard Rock.
Na terceira faixa, Somebody’s Calling, há uma grande vibe de The Raconteurs (principalmente de Hold Up). Ela é marcada pelo órgão e pela pulsante percussão, criando um grande senso de progressão e áreas bem distintas dentro da canção. Everyday Drone fecha a obra trazendo maior simplicidade, contornos mais Pop e um belo encontro entre timbres acústicos (do violão, banjo e gaita) com os eletrônicos (vindos das texturas sintetizadas). Com um pé no Folk e outro na Psicodelia, essa é a música que mais traz “novidades” para o trabalho de Andrew, que dá pistas de seguir em um bom caminho em sua nova empreitada. Esse certamente foi um bom aperitivo para o disco, deixando certa curiosidade para ver o que o músico apresentará em sua primeira obra lançada na carreira solo.