Maturidade criativa significa saber onde se quer chegar e quais caminhos traçar para conseguir os resultados esperados. Além disso, um artista maduro é aquele que vai até onde pretende e faz isso com qualidade. No caso de Ready to Die, Iggy and the Stooges pode ter se esquecido um pouco dessa segunda parte, mas Iggy Pop e seus comparsas mostram que sabem fazer um disco de hits com jovialidade que esconde o nome que a banda carrega desde 1967.
Ou seja, estamos falando daquele Rock mais clássico mesmo. Nem é tão Proto-Punk assim neste caso, mas aquela música popular construída em volta das guitarras, libido e energia. Ah, e bom humor. Isso o álbum tem de sobra.
Como o título ajuda a entender, a obra vem como um apanhado de ideias sobre o que é ter uma vida completa – pelo menos, no sentido Rock’n’Roll do conceito. Suas músicas, no geral, bem curtinhas, cantam de sexo, violência e trabalho/dinheiro. Uma olhada por cima nos nomes das faixas já dá a pista: Sex & Money, Beat that Guy e Gun são algumas delas.
O que fica mais evidente é a quantidade de possíveis hits no álbum. Dá para imaginar pelo menos sete delas ganhando videoclipe e destaque por aí. Burn, a música de abertura, foi uma escolha óbvia para divulgar o trabalho, mas as agitadinhas Job, Dirty Deal e a irreverente DD’s não fariam nada feio nas rádios e playlists ao redor do globo ouvidas pela garotada de hoje e de antes.
As exceções ficam com as mais lentas Unfriendly World e The Departed, ambas faixas que encerram respectivamente lados A e B do disco com um jeitão Leonard Cohen, além de Beat That Guy, a penúltima música já com indícios de fim de festa.
Não, Iggy and the Stooges não quer mudar sua vida – embora os músicos provavelmente conseguiriam, se quisessem. A impressão é a de um disco feito para dar continuidade ao legado do Rock, como se eles ou qualquer outro veterano estivessem prontos para morrer, pois a música continuará viva. Porém, enquanto se vive, é bom permanecer jovem.
Iggy and the Stooges – Burn