Resenhas

Tera Melos – X’ed Out

Simplificando muito de sua musicalidade “cabeçuda”, este se torna até agora o disco mais acessível da carreira do trio de Math Rock

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Ano: 2013
Selo: Sargent House
# Faixas: 12
Estilos: Math Rock, Jazz Fusion, Experimental
Nota: 3.5
SoundCloud: /playlists/3363172
Itunes: http://clk.tradedoubler.com/click?p=214843&a=2184158&url=https%3A%2F%2Fitunes.apple.com%2Fbr%2Falbum%2Fxed-out%2Fid

Se você acompanha a carreira do Tera Melos há algum tempo, sabe que a banda, apesar de sempre apresentar sua faceta Math Rock/Experimental, sempre traz novidades e mudanças consideráveis entre um álbum e outro. Se você ainda não é familiarizado ao grupo, saiba que este trio norte-americano, apesar de construir sua música em cima de bases não tão acessíveis, atinge um resultado bem aprazível, mesmo para quem não é acostumado com estilos que os músicos trazem à sua mistura.

X’ed Out não foge desta sequência de implementos e se torna até agora o disco mais acessível de toda a carreira do trio. Assim como Foals, Maps and Atlases, Marnie Stern, TTNG e outras tantas bandas que diminuíram suas excentricidades mirando alcançar um público maior, Tera Melos faz o mesmo e simplifica grande parte de seu som. O resultado é um álbum tão técnico, potente e conciso quanto antes, porém mais palatável para novos fãs. Essa mudança não chega a ser radical o suficiente para espantar velhos fãs, mas é bem provável que os mais xiitas discordem dos caminhos seguidos pela banda nesta obra.

Deixando fanatismos e expectativas de lado. Este é um registro que segue o que foi proposto em Patagonian Rats (2010), porém expande muitos dos elementos dele. A presença de algumas vertentes do Rock (como Post-hardcore e Rock Alternativo), o Free Jazz e, é claro, o Math Rock continua guiando muitas das faixas – as estruturas nada convencionais e as constantes quebras no ritmo também seguem intactas. Essa mistura está presente desde a abertura em Weird Circles, que brinca em acelerar e desacelerar o ritmo de bateria e guitarra, e melhora o uso das camadas sonoras, introduzidas no álbum de 2010.

New Chlorine, do mesmo modo, cria essa variância entre ritmo, mas segue uma estrutura mais convencional (algo próximo à estrutura verso/refrão proposta na música Pop).Bite e a ótima Sunburn são mais livres e brincam com tendências do Math Rock e Jazz, criando linhas fantásticas com a tríade de bateria/baixo/guitarra. Esta segunda, é faixa mais “Tera Melos” de todo o disco – e não à toa ela foi escolhida como um dos singles de X’ed Out. O outro single, Tropic Lame, traz também bastante da identidade do trio e condensa grande parte de seus maneirismos e excentricidades em uma só música. Slimed segue o mesmo exemplo, porém abusa dos efeitos, sintetizadores, programações e do clima soturno, e fica perdida em meio ao restante da obra.

A surpresa da obra fica por conta de faixas mais calmas e sem a grande carga do estilo motriz do trio. Snake Lake, por exemplo, se arrasta por quase dois minutos em um misto etéreo de voz e sintetizador, que é costurado por uma guitarra distorcida. No Phase segue seu exemplo e se molda como uma canção de Dream Pop. Melody Nine vaga por esta calmaria agridoce, mas a bateria dá mais força e explosão para a canção que marca a metade do álbum. Quase como lado B ou um rascunho, X’ed Out and Tired fecha a obra em uma das músicas mais cruas e inusitadas na carreira do trio. Ele é quase um lullaby, conduzida por uma guitarra sem nenhum efeito ou distorção, enquanto inserções eletrônicas aparecem no meio da faixa.

X’ed Out certamente não se tornará um expoente do gênero, o levando para fora do nicho, assim como Gloss Drop, do também trio Battles, fez há dois anos, mas pode ser que convença alguns novos ouvintes a se embrenhar dentro do estilo. Mas o importante é observar a evolução na discografia da banda e ver que a cada novo lançamento seu som se torna cada vez mais acessível. Quem sabe daqui a alguns anos veremos o Tera Melos se equiparando ao número de fãs de Maps and Atlases, Battles ou Foals.

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Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts