Chega a ser redundante dizer que o sexteto londrino British Sea Power lançou mais um dos seus excêntricos discos, já que todos os seus trabalhos anteriores possuem esse viés, que não só é visto no estúdio, como também fora deles. Mais uma vez, os temas científicos e literários aparecem diluídos nos moldes roqueiros característicos do grupo (que sonoramente pode referenciar bandas como Pixies, The Cure e Joy Division).
Mesmo quem não conhece nada da obra do BSP, em Machineries of Joy terá um bom panorama da sonoridade do grupo. O álbum apresenta os usuais maneirismos líricos do grupo, com suas letras quase sempre cabeçudas, fazendo alusão a livros (em Spring Has Sprung e Hail Holy Queen), conceitos físicos (em uma analogia ao vidro em What You Need the Most) e até a cientistas famosos (em Radio Goddard), que se unem aos layouts sonoros “pré-fabricados” que, apesar dos bons, não trazem nada de realmente novo.
A faixa-título abre o disco e mostra um pouco dessas excentricidades ao apresentar o clima que se estenderá por toda a obra. A canção tem uma boa dinâmica entre voz, letras e instrumentação, mas ainda assim a lírica pretensiosamente “inteligente” pode ser um obstáculo para quem ainda não é acostumado aos maneirismos da banda.
Deixando as letras às vezes pretensiosas demais de lado, o grupo não faz feio quanto às referências estilísticas. Canções como Loving Animals, Monsters of Sunderland e When a Warm Wind Blows Through the Grass apresentam uma sonoridade próxima ao Rock Alternativo/Indie Rock, enquanto K Hole aposta em uma sonoridade mais áspera, muito próxima do Garage Rock. Mas há também os momentos mais lentos (como em Hail Holy Queen, Spring Has Sprung e A Light Above Descending) e um dos mais belos é What You Need the Most – faixa guiada pelo duo de voz e violão e que é beneficiada pela aura atmosférica que o restante da instrumentação ajuda a criar.
Machineries of Joy dá continuidade ao trabalho que o British Sea Power vem desenvolvendo em seus doze anos de carreira, mas é bem provável que fique confinado ao seu público de sempre, pois não apresenta grandes atrativos para novos fãs e suas letras continuam tão impenetráveis quanto sempre.