Resenhas

EmptyMansions – snakes/vultures/sulfate

Apesar de boas, faixas se mostram um pouco desconectadas entre si e requerem maior lapidação para criar um obra mais coesa em significado

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Ano: 2013
Selo: Riot House Records
# Faixas: 8
Estilos: Noise Rock, Post Punk
Duração: 33:29
Nota: 3.0
Produção: Brandon Curtis
Itunes: http://clk.tradedoubler.com/click?p=214843&a=2184158&url=https%3A%2F%2Fitunes.apple.com%2Fbr%2Falbum%2Fsnakes-vultures-sulf

Desde 2012, as atividades da banda Interpol estão suspendidas e a mesma se encontra em hiato. Porém, antes mesmo dessa pausa, durante uma turnê de 2009 a 2010, o baterista Sam Fogarino já rabiscava algumas letras e compunha algumas músicas que viriam a se tornar materiais de seu novo projeto, EmptyMansions, que estreia agora com o disco snakes/vultures/sulfate.

O grupo é formado, além de Sam, por Brandon Curtis e Duane Denison. Curtis já vinha substituindo a parte tecladista de Carlos nas versões ao vivo desde quando este saiu do Interpol em 2010 e agora assume baixo, teclados e a produção do disco. Já Duane é o encarregado de empunhar guitarra, assim como faz na Tomahawk, uma das várias bandas de Mike Patton.

Agora com um espaço só seu, no qual pode expor sem limitações ou restrições suas composições, Fogarino demostra ser um fã nato de Pixies e Sonic Youth, vistas as inúmeras referências e influências das duas bandas nas faixas do disco. Guitarras ruidosas, camadas nebulosas e vocais arrastados marcam boa parte da obra e resulta em um som diferente do que o músico vinha executando com o Post-Punk revivido do Interpol. Entretanto, a densidade da EmptyMansions ainda mostra a carga musical que Sam adquiriu durante todo esse tempo em sua banda principal.

Tal clima escuro e denso pode ser percebido logo na primeira faixa, Led to Measure, que dá ao ouvinte a sensação de que teríamos um disco com a cara bem parecida com o que observamos no Interpol. Entretanto, eis que no decorrer de sua execução os riffs de Noise vão surgindo e se misturando a camadas vocais sobrepostas e ecoantes. A seguir, Lyra e Up in the Holler vem para confirmar a influência citada, principalmente com o modelo vocal muito similar ao de Thurston Moore e de Black Francis.

O lado obscuro de Sam é retratado com as canções FTC,e o single The Man. Ambas se mostram mais sombrias e deixam de lado a guitarra estridente, se tornando uma guitarra, assim como o baixo, com afinação em tom abaixo, dando um ar bem mais pesado que é completado com o ritmo meio quebrado lembrando um Blues.

Antes de fechar a obra com uma versão nebulosa de Down By The River, um cover de Neil Young, ainda nos deparamos com [The Former] You. Tal canção se apresenta esquizofrênica, mas sem que isso soe pejorativo, mas como algo apenas diferente e que merece ser ouvido com um pouco de atenção. A mesma se inicia com um instrumental etéreo de guitarra e bateria, ambas bem sublimes e que se estendem por pouco mais de um minuto. Logo após, nos deparamos por um violão e voz que aos poucos vai ganhando ecos, camadas e o retorno das guitarras de Noise.

Essas variações percebidas durante a execução das oito faixas – inclusive variações dentro delas, como em Led to Measure e [The Former] You-, podem ser justificadas ao observarmos que estas foram compostas durante intervalos de shows do Interpol, em camarins, hotéis, restaurantes ou vans que levavam Sam até os palcos. As sensações que cada apresentação lhe passava noite após noite, com certeza, foram responsáveis por essas oscilações, que não chegam a incomodar ou dar rupturas durante a execução do álbum, mas que tem tudo para serem melhor lapidadas para um segundo trabalho que possa surgir.

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BOM PARA QUEM OUVE: Pixies, Sonic Youth, Interpol
ARTISTA: EmptyMansions

Autor:

Marketeiro, baixista, e sempre ouvindo música. Precisa comer toneladas de arroz com feijão para chegar a ser um Thunderbird (mas faz o que pode).