Resenhas

Waxahatchee – Cerulean Salt

Katie Crutchfield consegue, em seu segundo disco, soar mais confiante e eleva a qualidade de seu som, trazendo além do habitual duo de voz e violão/guitarra uma banda completa

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Ano: 2013
Selo: Don Giovanni
# Faixas: 13
Estilos: Singer-songwriter, Indie, Lo-Fi
Nota: 3.5
SoundCloud: /tracks/76264002

Katie Crutchfield, em seu disco de estreia como Waxahatchee, conseguiu escrever ótimas letras confessionais que, aliadas à sua musicalidade Lo-fi e modesta (sendo a maioria das doze faixas de American Weekend compostas pelo duo voz e violão), produziram um resultado que transbordava honestidade e intimismo. A “falta” de produção fez com esta obra passasse desapercebida do grande público, mas ainda assim conseguiu conquistar a quem andava atento aos lançamentos underground do ano. Com uma musicalidade que emanava sons dos anos 90, como Cat Power, PJ Harvey e Alanis Morisstte, Katie provavelmente não emplacou seu primeiro registro pela sonoridade ruidosa e o aspecto demasiadamente caseiro.

Em Cerulean Salt, a moça volta com maior confiança, qualidade de gravação e (um dos pontos fundamentais neste disco) uma banda completa. Apesar destas mudanças, sua lírica atormentada e extremamente honesta e o profundo intimismo de suas músicas continuam presentes aqui – se é que não foram intensificados em alguns pontos. Ganhando peso na instrumentação e com o apoio da banda, a moça consegue agora dar ainda mais ênfase nos momentos em que sentimentos como raiva ou ira tomam conta de suas letras.

Conseguindo agrupar mais influências e sonoridades, este disco ganha em mobilidade e variedade que não se via em American Weekend. Além disso, a moça abandona a aura letárgica que se fazia presentes em todas as faixas. Exemplo maior disto pode ser notado em faixas como Lips and Limbs e Coast to Coast, que criam os polos do disco. Embora as duas se encontrem em uma intersecção Pop, elas criam tomam rumos completamente diferentes. Enquanto a primeira é suave e brinca com Twee, apresentando uma musicalidade quase “boba”, a segunda se apoia em guitarras roqueiras e animadas, que podem lembrar algo que o Best Coast faria.

Sua maior confiança neste novo trabalho é legitimada em faixas como Hollow Bedroom, em que sua voz se mostra mais forte e expansiva, ou em Dixie Cups and Jars, que mesmo sua guitarra simples ganha força em meio à instrumentação extra. Ainda assim, a ternura de outrora ainda pode ser vista, principalmente em faixas como Blue Pt. II e You’re Damaged, que guardam a simplicidade de seu trabalho anterior, porém com esta maior confiança recém-adquirida.

Cerulean Salt se mostra um avanço e tanto na carreira de uma artista ainda iniciante, mas que já tem grande experiência, acumulada em seus projetos anteriores. No alto de seus 20 e poucos anos, Waxahatchee – ou melhor, Katie – já dá sinais que tem uma boa carreira pela frente e talvez que possa se consagrar tanto quanto suas principais inspirações.

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BOM PARA QUEM OUVE: Alanis Morissette, Cat Power, PJ Harvey
ARTISTA: Waxahatchee

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts