Resenhas

Florence + The Machine – Ceremonials

Sem nenhum hit do calibre de “Dog Days Are Over”, Florence Welch lança segundo disco trabalhando ainda melhor sua voz em músicas às vezes grandiosas demais, correndo o risco de entregar uma obra que agrada só fãs

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Ano: 2011
Selo: Island
# Faixas: 12
Estilos: Indie Pop, Soul, Pop Alternativo
Duração: 55:58
Nota: 2.5
Produção: Paul Epworth, Jams Ford, Charlie Hugall, Ben Roulston, Isabella Summers, Eg White
Livraria Cultura: 22995985

Na ambição de criar algo mais grandioso do que seu disco de estreia, Ceremonials adiciona novas camadas ao som da Florence + The Machine, mas peca justamente na dimensão às vezes excessiva que as músicas ganham.

A maior parte das canções parece ter sido construída para aproveitar o vocal de Florence Welch, com muitas vogais alongadas e aliterações (até mesmo em alguns títulos, como Seven Devils e What the Water Gave Me) que deixam os versos ao mesmo tempo percussivos e melódicos. Curiosamente, a mixagem muitas vezes homogeniza sua voz com os outros instrumentos, possivelmente como uma maneira de reforçar o caráter de “banda” que a The Machine tem, ao invés da ideia de estar ali apenas para apoiar a vocalista.

Aquela grandiosidade desejada é certamente alcançada. Enquanto Only for a Night, a faixa de abertura, parece ter saído de Lungs (o anterior), as músicas seguintes (e singles) Shake It Out e What the Water Gave Me deixam bem claro que estamos ouvindo uma banda que consegue chegar mais longe, às vezes além do que precisaria, o que pode tornar a experiência de ouvir o disco cansativa.

Gravado no lendário estúdio Abbey Road, em Londres, Ceremonials teve a produção de Paul Epworth, o novo “Midas” do pop britânico, com Adele, Friendly Fires e Kate Nash no currículo, e que já tinha trabalhado com Florence em seu primeiro álbum. Os pontos mais positivos do produtor podem ser vistos na sequência Never Let Me Go, Breaking Down e Lover to Lover, todas com uma pegada mais leve que as outras e que conferem certa agilidade à primeira metade do disco.

Após o sucesso No Light, No Light, a segunda parte mergulha de vez na sonoridade profunda, com uma vibe mais dark em Seven Devils e tribal em Heartlines. A essa hora, pode começar aquela sensação “será que falta muito?”. As canções são todas muito longas. All This and Heaven, por exemplo, começa tão bem, mas se estende mais do que precisava. Fica a impressão que aproveitaríamos melhor o som se cada uma fosse um pouco mais curta.

Ceremonials estreou direto no topo da parada britânica e na décima posição da Billboard, uma resposta que segue o milhão e meio de views que o vídeo de What the Water Gave Me teve em apenas dois dias. Os fãs mais devotos ficaram satisfeitos com o lançamento, mas o público que está tendo contato com a Florence + The Machine pela primeira vez agora pode não entrar no clima e preferir ficar apenas com Lungs.

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BOM PARA QUEM OUVE: M83, Lana Del Rey, fun.

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.