Resenhas

And So I Watch You From Afar – All Hail Bright Futures

Terceiro disco do trio irlandês traça um encontro explosivo entre Math Rock e Post-Rock em um turbilhão energético arrebatador

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Ano: 2013
Selo: Sargent House
# Faixas: 12
Estilos: Math Rock, Post-Rock
Duração: 43:03
Nota: 4.0
SoundCloud: /playlists/3987397

Sem provocar muito alarde em seus primeiros dois discos, o então quarteto And So I Watch You From Afar veio construindo tijolo a tijolo sua carreira e encontrando dentro do Math Rock seu espaço. Já como ilustre veterano, o, agora, trio atinge um resultado incrível com sua nova obra, All Hail Bright Futures.

Aqui, os três instrumentistas apresentam basicamente a mesma mistura entre Math e Post Rock de seus discos anteriores, porém a levando a uma direção contrária à que mostravam até então. O trio abandona o som esquizofrênico de outrora e embarca em uma sonoridade incrivelmente arrebatadora. Somando quase 43 minutos, distribuídos por doze faixas, o disco caminha por terrenos do mais puro regozijo sonoro.

Logo na abertura, Eunoia, o grupo mostra que não precisa mais do que uma guitarra, baixo e bateria para criar esse estado de euforia em seu ouvinte. A melodia em loop e o tom etéreo da guitarra de Rory Friers conduzem o pequeno prelúdio, que se liga perfeitamente à explosiva Big Thinks Do Remarkable. Esta segunda se mostra mais completa, criando, através de diversas camadas e instantes bem distintos, um dos momentos mais intensos do disco. Essa é também uma das poucas faixas do disco onde os vocais compõem a mistura produzida pelo trio.

Like a Mouse é mais um destes momentos frenéticos, desde a intensa abertura, com os riffs angulares de guitarra e a bateria pulsante, até momentos mais melódicos e amenos. A faixa segue caminhando entre os dois extremos e você vai notar que isso será muito comum no restante do disco. Paradoxalmente, outra constante aqui são as variações de ritmo e quebras no tempo das músicas (herdadas do Math Rock). Já parte do Post-Rock é percebida nas belas e complexas melodias, que entre uma explosão e outra cria momentos da mais pura sublimação.

Mesmo conseguindo uma variação muito grande em suas faixas, a base delas já foi apresentada e a partir daqui você verá o grupo se divertindo ao construir novas melodias e explorar elementos diferentes. Músicas viajantes e repletas de momentos completamente distintos formam o encanto de All Hail Bright Futures. Em meio a tantos momentos memoráveis vale destacar as guitarras agressivas de The Stay Golden e Rats on Rock, que se contrapõem aos momentos em que a percussão quase caribenha domina as faixas; em Trails, o grupo adiciona uma bela sessão de cordas e metais, o que cria um respiro em meio ao disco; ou ainda Ka Ba Ta Bo Da Ka, uma das faixas mais divertidas, que é construída a partir de vozes que ficam repetindo seu nome, enquanto palmas, uma leve percussão e uma guitarrinha aguda (à la Vampire Weekend) conquistam até aos ouvidos mais Pop.

Esse, a lado de Gloss Drop, da Battles, é um discos lançados nos últimos anos que mostra o quão divertido o Math Rock pode ser (estilo que é geralmente encarado com medo por muitos ouvintes pela associação a matemática) e mostra que, apesar da estética do gênero, pode surgir daí ótimos discos. E, para a banda, esse é um disco que os destaca entre o cenário de seu próprio estilo e que pode, finalmente, os tornar mais notáveis fora deste restrito circulo.

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Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts