Resenhas

Lady Lamb The Beekeeper – Ripely Pine

Aly Spaltro é flexível dentro do Folk e pode facilmente agradar os extremos opostos do gênero culturamente tradicional

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Ano: 2013
Selo: Ba Da Bing!
# Faixas: 12
Estilos: Folk, Folk Rock, Blues Rock, Pop Folk
Nota: 3.5

Aly Spaltro encarou o final de sua adolescência como um bom momento para dedicar-se a sua até então furtiva dedicação à música. Lançando poucas canções por ano, em rápidos singles e EPs curtos, a garota foi amadurecendo a ideia e traçando seu próprio caminho até chegar a 2013, o ano em que ela compilou tudo que já fez de melhor, reciclou da melhor forma e lança agora seu primeiro disco de estúdio, intitulado como Ripely Pine sob seu nome artístico Lady Lamb the Beekeper

Compondo baladas dançantes com os pés fincados no gênero Folk, a própria descreve seu disco como um material que trata a realidade de um jovem que ocasionalmente tem seu coração partido em dois e dramatiza isso de uma maneira que só quem passa pelo tal período assimila tão fácil. Apesar do tal conceito, Aly ressalta que preferiu criar um disco aberto, animado e que as pessoas gostem: O depressivo se torna uma reflexão positiva com o decorrer das canções.

Apesar de trazer em boa parte do tempo leves canções, plenamente redondas e semi-acústicas, como Florence Berlin, Aubergine, Little Brother e The Nothing Part II, o que impressiona na jovem é sua busca por referências diferenciadas que costumam não ser tão frequentemente unidas a hits folclóricos devido a suas tradição marcadas e aconstante cultura enraigada no conservadorismo. Bird Ballons, Rooftop e You Are The Apple trazem acordes que relembram facilmente a uma sonoridade permeada por nomes como KT Tunstall e Alabama Shakes, soando ainda mais doce e emplacando acordes marcantes associados ao Rock praticamente na mesma dosagem. Instrumentos como o violino, bumbo e reco-reco são elevados a uma linhagem mais agressiva em pontos altos e refrões, além de utilizá-los também da maneira convencional quando necessário, criando uma linha de contraste interessante em canções que se destoam como singles mesmo se estendendo por mais de seis minutos.

A surpresa trazida pela musicista vem através das canções Mezzanine e Crane Your Neck que mostram a flexibilidade da estadunidense dentro de seu próprio gênero e demonstra pleno conhecimento de como utilizar a seu favor o experimental, ousando e trazendo uma linguagem pseudo-Punk às composições. Violinos desafiam e incorporam a tensão, baixos sobem como destaque, riffs e rápidas distorções de guitarra se aliam a vocais estrategicamente gritados e trazidos ao seu máximo de seu tom dão a pitada Rocker e de despretensão que traduz a dor, a emoção e a busca por uma resposta imediata. Os solos que caminham para um silêncio pleno e que ascendem junto as letras que emplacam os versos “The parts that are dormant, I wish to set them free” e “There’s a hunger like a lion’s and it’s ripping right through my bones”.

A frequente alternância entre o Blues suingado, vocais quase roucos e arrastados e a saída por uma performance ímpar dentro de seu gênero-base funcionam muito bem para Lady Lamb, trazendo um frescor criativo através de uma estruturação aparentemente arriscada, mas que no final das contas pode ser notada como um trabalho altamente planejado para soar como é.

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Autor:

Jornalista por formação, fotógrafo sazonal e aventureiro no design gráfico.