Após o lançamento de alguns discos e EPs, o produtor e beat-maker Shlohmo retorna com Laid Out-EP, uma obra repleta de batidas com os pés na música negra. Carregando o tempo de suas músicas em compassos mais lentos, cadenciados, o produtor consegue dosar suas influências indo desde do Novo Soul até o Hip-Hop.
Put-Out, transporta o ouvinte para uma música eletrônica com percurssão de Hip-Hop, uma batida que joga a bateria e o baixo para níveis bem graves. Pesada, é extremamente letárgica, deixando quem a escuta paralizado pelas texturas que são colocadas cuidadosamente. O chimbal que ecoa na música é uma clara referência aos primeiros momentos do estilo musical, e poderia muito bem conter um Rap por cima. Aliás, um remix se faz necessário para a música. Os agudos lembram alguns momentos mais pesados de artistas como The Weeknd.
Without já é mais sexy e delicada. Com um sintetizador escolhido no timbre certo, a música é uma companheira perfeita para momentos românticos. Uma guitarra vai sendo delineada, encaixando precisamente com os outros elementos. A batida mais uma vez aborda o Hip-Hop, mas a sua levada na caixa eletrônica deixa tudo muito mais leve. Ecos de Rhye, How to Dress Well são passados aos poucos, até que ao final, uma explosão deixa o clima muito mais tenso, a relação fica mais intensa, picante.
Um dueto, que parecia uma união óbvia, entre o produtor e How to Dress Well surpreende não só pela qualidade da música mas também pela demora em que ambos resolveram unir suas forças. A canção flui muito bem, e o acréscimo de uma voz mostra-se o adereço perfeito para que Shlohmo pudesse alcançar o grande público. Um R&B etéreo, sensual e que puxa mais uma vez o EP para o lado romântico, longe da pieguice e extremamente moderno.
Out of Hand é uma aceleração constante, com batidas crescendo rapidamente. No entanto, samples de voz e sintetizadores são descontruídos aos poucos, para só deixar o baixo e a bateria ao fundo. A descontrução acaba proporcionando indiretamente um efeito lisérgico, em que a pulsação acalma-se e agita-se, estimulando a imaginação. Later foi o primeiro single lançado. No background dessa música, é possível escutar uma voz abafada, como se estivesse no banheiro. Explosiva, é emocionante e lembra mais uma vez as formas de expressão utilizada por The Weeknd mas sem a bela voz de Abel Tesfaye. Quando se percebe que na verdade não existe voz, e tudo isso vem de um sintetizador distorcido, semelhante a uma guitarra mas sintético, tudo faz sentido. Shlohmo consegue transmitir sentimentos eletronicamente.
Se tem algo que eu odeio em EPs é a sua duração sempre curta. São como tira-gostos, alimentam mas não te deixam sem fome. E normalmente quando este ódio me ocorre, posso concluir que o disco é muito bom. Com batidas precisas, trazendo o que temos de melhor no Hip-Hop, Soul e R&B, além de criações auxiliadas por outros instrumentos fazem deste curto, porém ótimo EP, uma ótima prévia do podemos esperar daqui pra frente deste já estabelecido produtor.