Resenhas

Rhye – Woman

A sexualidade em sua forma mais pura é retratada de forma impecável num misto de Soul e melodias flexíveis entre o orgânico e o sintético

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Ano: 2013
Selo: Loma Vista/Polydor/Innovative Leisure
# Faixas: 10
Estilos: Neo Soul, Eletrônica, Minimal
Duração: 35:49
Nota: 5.0

A colisão espontânea entre a carreira solo de Mike Milosh e a sábia técnica de Robin Hanniball – que teve sua origem no duo Indie Pop Quadron – surpreendeu desde suas primeiras impressões sonoras. O compartilhamento dos singles Open e The Fall trouxe em sua essência a dosagem adequada para o encanto à primeira vista. Os vocais anti-masculinos de Mike em uma linhagem Soul a nível sensual embebidas em um arranjo eletrônico que traz nuances clássicas e eletrônicas na mesma medida. Se confirmada a cogitada semelhança entre o duo Rhye a composições da Ambient Music e Lounge, o fato é que Mike e Robin então as elevam a altos patamares, já que as produções quase sempre vem tímidas e reclusas ganhariam aqui mais personalidade e emoções plenas no decorrer de cada canção.

O trabalho intitulado como Woman vem em versão bem amarrada e não se deixa distrair em nenhum momento. Estendendo-se por todo o disco o combo de vocais plenamente densos, confessionais e apaixonados a melodias flexíveis variam entre o orgânico e o sintético de maneira sabiamente organizada e planejada. As criações se casam de maneira improvável, criativa e ímpar aproveitando o melhor de cada extremo, equalizando um trabalho plenamente redondo, altamente palatável e pronto para ser digerido sem qualquer ideia pré-concebida ou preparação antecipada, já que as sensações são o que regem todo o material.

As pré-concepções do sexy são conduzidas aqui por um caminho não vulgar e devidamente direcionadas a prerrogativas românticas por letras de fácil assimilação, que clamam sim pelo mais natural e institivo do ser humano, mas com qualquer tentativa maior de agressividade igualada a zero. Tais inspirações vem em versões mais dançantes como Last Dance, 3 Days e Hunger, e outras que pisam no freio, mais intuitivas e que variam entre o a êxtase sonoro e a calmaria em Shed Some Blood, Verse, One Of Those Summer Days e Woman.

Milosh e Robin, de certa forma, ainda se mantém sob a penumbra de suas criações e partem para sua plena revelação aos poucos, dando-se ainda ao luxo de fazer poucas aparições em shows. O status cool a ser empregado à dupla não deve levar muito tempo, mesmo não sendo esta sua pretensão inicial, já que a produção impecável e sensível de estreia apesar de se embasar em referências mistas entre a música negra e se saciar de um ideal clássico, transpõe-se, onde uma sonoridade de base conservadora é recriada e o conceito de modernidade e liberdade sexual livra-se de qualquer senso estético e entrega-se ao seu puro significado.

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BOM PARA QUEM OUVE: Autre Ne Veut, Laura Mvula, The xx
ARTISTA: Rhye

Autor:

Jornalista por formação, fotógrafo sazonal e aventureiro no design gráfico.