Resenhas

Phillip Long – Caiçara

O músico paulista criou um segundo disco que, ao mesmo tempo em que muito difere sonoramente de seu trabalho de estreia, consegue seguir a mesma proposta de músicas intimistas, agora com a marcante presença da guitarra

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Ano: 2012
Selo: Independente
# Faixas: 10
Estilos: Folk, Folk Rock, Pop Folk
Duração: 36:30
Nota: 3.5
Produção: Eduardo Kusdra

O paulista Phillip Long revela ao mundo seu segundo álbum, Caiçara, no qual ele explora novas sonoridades do seu Folk ao introduzir a guitarra elétrica e sua pegada roqueira às composições.

Inspirado por mestres como Bob Dylan e Neil Young, o músico de Araras (interior de São Paulo) sempre se mostra como um daqueles artistas inquietos, que não conseguem parar de criar – daí lançar um novo disco menos de um ano depois do lançamento de sua estreia, Man on a Tightrope.

Essa inquietação gerou um disco que encontra seu equilíbrio ao movimentar-se entre canções mais parecidas com a de seu primeiro trabalho, predominantemente acústicas (apesar do baixo elétrico), e as faixas marcadas pela guitarra e bateria inquietas, mas que ainda conseguem soar intimistas e contemplativas como o gênero demanda.

Lion Heart inaugura Caiçara com violões e piano na vibe Folk pela qual o cantor se tornou conhecido, com um encerramento quase aberto – a música vai diminuindo gradativamente até segurar uma nota por quase dez segundos. Daí, é inevitável um certo “susto” quando Nobody’s Happy começa já com o prato da bateria bem alto, e a guitarra logo surge para apontar o caminho perseguido em algumas das próximas faixas.

Enquanto a balada How Deep Does It Go e Sometimes You Win, Sometimes You Lose seguem esse mesmo clima, Green House aparece para nos lembrar que estamos mesmo ouvindo Phillip Long. Com um baixo bem marcado, o trio violão, piano e percussão tímida se assemelham bastante ao seu trabalho no primeiro disco, voltando ao espírito da primeira faixa. Isso é quebrado de vez em When the Thunder Hits the Ground, em que o músico deixa o timbre da guitarra mais próximo ao do Rock’n’Roll clássico. Ele soube ajustar muito bem seu vocal à nova vibe – repetida em Love’s Gonna Kill Us, duas faixas para frente, e na apoteótica When You Come Back Home.

Entre esse Folk Rock todo, encontramos a tímida faixa-título, que desponta com a beleza da voz-e-violão e consegue marcar presença com sua singeleza. Antes do fim, a balada The Girl Who Lives in India dá ainda mais caldo à mistura ao equiparar um violão em uma afinação diferente à guitarra – a grande coadjuvante do álbum.

A impressão que fica é que Long fez um disco diferente do som que o tornou conhecido entre os fãs do Folk sem romper com sua proposta ou causar estranhamento no ouvinte. Isso foi feito pelo bom uso dos novos timbres, o que fez com que a sonoridade de sempre se adequasse naturalmente à inquietação criativa do músico.

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BOM PARA QUEM OUVE: Mumford & Sons, Bon Iver, Bob Dylan
ARTISTA: Phillip Long
MARCADORES: Folk, Folk Rock, Pop Folk

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.