Resenhas

Johnny Marr – The Messenger

Ex-guitarrista do Smiths faz um trabalho digno de sua história e agradará certamente aos fãs do importante grupo britânico da década de 1980

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Ano: 2013
Selo: Warner Bros.
# Faixas: 12
Estilos: Rock Alternativo
Duração: 48:22
Nota: 4.0
Produção: Johnny Marr

A participação de um artista em qualquer banda de sucesso o credencia a idolatria. Quando este grupo é um símbolo dos anos 1980, The Smiths, e o guitarrista em questão é Johnny Marr, os patamares são outros. Em seu primeiro trabalho efetivamente solo, The Messenger, Marr cria uma série de canções que farão os fãs do finado grupo e de Morissey voltarem a sorrir.

Não que o guitarrista tenha ficado sem trabalho ao longo de sua carreira pós-Smiths. No caminho inverso ao tamanho de seu talento e fãs, Johnny foi humilde o suficiente e passou a fazer participações em diversos grupos, como Talking Heads, Pet Shop Boys, Modest Mouse e The Cribs. Mas Marr é o autor conjunto de pérolas como There is Light The Never Goes Out e Meat is Murder. E este disco se destina para quem curtia o trabalho Pop e sincero de seu antigo grupo. Em uma entrevista anterior ao lançamento, o mesmo dizia que não queria reinventar a roda e que não esperava alcançar novos fãs e sim agradar a quem já está acostumado ao seu trabalho.

Tal declaração consolida-se logo de cara em músicas como The Right Thing Right e Lockdown, em que o timbre de sua guitarra ecoa de forma melódica, como se o tempo ainda estivesse parado. A voz de Marr não é, evidentemente, a de Morrisey, não tem o mesmo alcance de beleza e lirisimo, no entanto, cumpre muito bem em todas as músicas o seu papel, não decepcionando até mesmo quem não conhece o som do Smiths. European Me soa tão parecida com os momentos do grupo britânico que torna-se impossível não sorrir logo nos primeiros instantes. Acordes sem distorções, uma guitarra que circula sobre cada tempo da música e um backing vocal marcante fazem desta canção o perfeito dejá vu.

A semelhança não é difícil de ser compreendida, uma vez que o guitarrista criou o seu estilo a partir da banda. No entanto, nem tudo é um trabalho saudosista, e outras virtudes são vistas e podem ser atribuídas a outras realizações feitas ao longo de sua carreira. O seu lado Indie pode ser visto na canção-título, The Messenger, faixa que tem ecos de Modest Mouse em uma viagem sonora que utiliza-se de acordes cadenciados e psicodélicos e uma levada mais calma. I Want The Heartbeat soa mais moderna, um pouco garageira à la Cribs.

Generate! Generate! é resultado híbrido de sua história, guitarra Smithiana e um vocal enfático, direto e cru como o Rock criado no início dos anos 2000. O disco não chega a cansar em nenhum momento, e acaba se mostrando mais abrangente do que o próprio Marr imaginava com a sua declaração. Say Demesne poderia ter Morrisey nos vocais que seria o perfeito lançamento para o retorno da banda com sua guitarra crescente e vocais que quase conversam com público antes de um refrão emotivo. Perfeita. O melhor momento guarda-se para o final, com The Crack Up música viciante e que deve certamente virar single. Guitarra em delay, batida eficiente e jeitão sexy, pronunciam, o agora cantor, Marr, a um papel que não poderia ser imaginado anteriormente.

Um presente para os fãs de The Smiths acabou se tornando um belo exemplo de renovação e novos ares para o antigo guitarrista da banda. Se você sentia falta das linhas de guitarra do antigo grupo, e quer ser deixado por levadas emocionantes, este é um bom disco para a sua coleção. Divertido, bonito e bem produzido, The Messenger era, na verdade, a mensagem que os fãs esperavam ouvir em muito tempo e Marr é agora não só o “mensageiro” via linhas de guitarra características, mas também através de uma voz surpreendente.

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BOM PARA QUEM OUVE: The Smiths, The Cribs, Morrissey
ARTISTA: Johnny Marr

Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.