Resenhas

Foals – Holy Fire

Grupo inglês cria o seu disco mais acessível até agora e demonstra o porquê de ser considerado uma das referências do Math Rock

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Ano: 2013
Selo: Transgressive
# Faixas: 11
Estilos: Math Rock, Math Pop, Indie Rock
Duração: 48:00
Nota: 4.0
Produção: Flood & Alan Moulder

O segundo álbum do Foals, Total Live Forever, de 2010, representou uma ruptura com o som demonstrado pelo grupo em seu debut. Fugindo um pouco da energia tradicional de um disco de estreia, TLF se mostrou um trabalho corajoso e que fugia do lugar comum do Math Rock. Mais maduro, conduziu o grupo a águas mais calmas, linhas elaboradas e uma construção sonora que lembrava, de certa forma, as viagens progressivas dos anos 1970. Em Holy Fire, aguardadíssimo disco, vemos uma mistura entre as duas fases da banda, o que ocasiona uma obra mais palpável e repleta de hits.

Duas características sonoras são vistas logo de cara: um certo peso em suas canções, talvez devido uma necessidade maior de explosão de sentimentos, e uma vertente do Math Rock que incorpora elementos do Funk. Prelude, a introdução, demonstra tais observações em uma bela canção instrumental que serve para preparar o ouvinte para o que está por vir.

Inhaler lembra muito as músicas vistas em Antidotes, mas incorpora elementos dançantes, deixando-a fluir naturalmente em toda a sua construção. Instrumentos são acrescentados aos poucos e um cow bell marca o passo da bateria. A estrofe entre verso e refrão (bridge) cresce em intensidade até que Yannis Philippakis possa gritar e colocar um peso único à música. Os riffs no refrão, na medida possível, são quase um som à la Rage Against The Machine. Em compensação, My Number, segundo single, é um hit certeiro. Pop na medida certa, com letra sincera (“You don’t have my number, we don’t each other now”), será um dos grandes momentos do show do grupo no Lollapalooza 2013. Vale a pena conferir o remix feito pelo Totally Enormous Extinct Dinosaurs e ver o apelo popular desta música.

Bad Habit já se aproxima do segundo disco. É uma balada mais calma, com Yannis cantando com coração e se mostra mais um bom exercício Pop do grupo. Quando se pensa que toda aquela instrumentação não tem nenhuma relevância por ser um pouco simplista, um solo aparece ao final para fechá-la com chave de ouro. Everytime é puro Math Rock, com estruturas desconexas, bases pouco usuais e que ao fim fazem sentido quando unidas. Yannis parece ter cada vez mais controle da sua voz e do seu papel de líder de uma banda que cresce em importância. Sua voz, em falsete no refrão, traz todo um charme especial à música.

Late Night é um dos melhores momentos em Holy Fire. Crescente e explosiva, lembra o porquê de Total Live Forever ser um disco extremamente cultuado. Tem de longe o melhor instrumental de todo o álbum, com uma guitarra suingada que sola como nunca a tinha feito a discografia dos Foals. Um final épico em uma canção que, apesar de ser bastante “calma”, se torna viciante de imediato. Out of The Woods segue o gancho deixado pela faixa anterior e traz mais suingue e Funk ao disco em uma música feita para ser dançada, assim como Milk & Black Spiders, canção com toques mais eletrônicos e que deveria receber um remix também. Belas linhas de guitarra trazem uma textura especial à música.

Providence é talvez um pequeno deslize em todo o disco. Apesar de ser bem orquestrada e construída, os versos são muito repetidos e acabam cansando após um tempo. Stepson e Moon encerram a obra de modo sereno, com duas baladas que, apesar de suas respectivas belezas, carecem um pouco de explosão.

Em seu terceiro disco, Foals continua criando bons momentos e demonstra uma evolução. Acaba chegando ainda mais perto de Pop-Math Rock. Apesar de não se comparar à sua obra-prima anterior, tem em sua instrumentação e nos bons momentos de Yannis nos vocais as suas grandes valências. Estou ainda mais curioso para o seu show no Lollapallozza, pois posso afirmar que após quatro apresentações vistas do grupo, Foals é uma atração única e que não deve ser perdida por um simples motivo: ao vivo é ainda melhor do que em disco, devido a uma presença de palco explosiva.

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ARTISTA: Foals

Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.