Resenhas

The History Of Apple Pie – Out Of View

Estreia do quinteto é um bom disco, ainda que não apresente nada de realmente original ou que pareça criar identidade própria

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Ano: 2013
Selo: Marshall Teller
# Faixas: 10
Estilos: Shoegaze, Noise Pop, Indie Rock
Duração: 42:50
Nota: 3.5
Produção: Jerome Watson

E quem disse que clichês não podem ser legais? Basicamente, a estreia do quinteto The History of Apple Pie recorre a eles para se construir como um pináculo de fofura em meio a guitarras distorcidas e reverberação por todos os lados. Com muito do Shoegaze, ele recorre ao Pop (estilo predominante em grande parte da obra), Noise e Indie Rock para adaptar o estilo tão característico de uma época, sem que haja aquela carga de nostalgia intrínseca.

My Bloody Valentine, Lush, The Breeders e Cocteau Twins são referenciados em Out of View de forma clara, às vezes muito óbvia, mas ainda assim elas se limitam a influências e não moldes pré-estabelecidos a serem adotados pelos novatos ingleses. Porém, ainda que o quinteto talhe à sua maneira cada uma das referências, não há nada de realmente novo ou ousado na forma como são remontadas aqui, a não ser talvez o alto teor de sacarose nas melodias e nos vocais adocicados de Stephanie Min – o que acaba com a sonoridade altamente atmosférica do Shoegaze, porém, fazendo uma troca justa pelas melodias pegajosas.

Logo de cara, já nos damos conta de tudo isso. Tug e sua abertura à la My Bloody Valentine trazem todo o fuzz e reverberações característicos do Shoegaze em uma faixa urgente, mas que se mostra também muito melodiosa – de uma maneira que nem Kevin Shields e companhia conseguem construir suas canções. O noise das guitarras cria um misto interessante quando justapostos ao doce vocal de Min, fazendo deste um momento agridoce e contrastante que será visto mais vezes durante o álbum.

See You, um dos singles disponibilizados na promoção de Out of View, traz novamente essa características duais entre fuzz e fofura e pode lembrar um pouco a aura atmosférica que Yuck criou em alguns momentos de seu debut. Glitch, outro single, revela uma postura mais centrada em refrãos pegajosos e guitarras que parecem saltar por todos os lados em timbres estridentes e altos, que curiosamente reforçam o senso melódico do quinteto. Os riffs fortes de The Warrior criam momentos que se assemelham ao Dinosaur Jr., principalmente nos solos de guitarra, e é assim que o álbum segue em seus pouco mais de 40 minutos, criando esses momentos atmosféricos, bipolares, de certa forma, saudosistas, mas, sobretudo, criando momentos incrivelmente Pops e adocicados.

É um fato que você não verá nenhuma novidade ou mesmo vontade de criar algo fora dos clichês apresentados aqui, mas ainda assim esse é um disco altamente recomendo para quem quer presenciar o Shoegaze recriado de maneira quase radiofônica ou quem simplesmente que curtir um som fofinho regado a muitas guitarras.

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Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts