Resenhas

Yo La Tengo – Fade

Em seu 13º álbum, o primeiro com um novo produtor em 29 anos de carreira, banda entrega trabalho sensível e silencioso

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Ano: 2013
Selo: Matador Records
# Faixas: 10
Estilos: Rock Alternativo, Indie Rock
Duração: 46:10
Nota: 4.0
Produção: John McEntire

Ao longo dos últimos meses, foram muitas as bandas das antigas que marcaram seu retorno e possibilitaram que as novas gerações descobrissem suas discografias. No geral, foram nomes que deram um tempo na produção para reunir criatividade, se dedicar a outros projetos e, enfim, voltar mais experiente e em forma mais jovem do que nunca, sabendo aproveitar sua maturidade e dialogar com as tendências mais atuais.

Paralelamente, é interessante observar como a Yo La Tengo conseguiu surtir o mesmo efeito com seu Fade, seu 13º álbum em 29 anos de carreira, sem qualquer grande hiato em sua produção. Quem se interessar pela banda a partir deste disco terá muito, mas muito material para escavar em sua discografia – e creio que o número de novos fãs crescerá muito, já que o novo trabalho soa no compasso certo para agradar o público do som feito hoje tanto quanto os admiradores do trabalho da banda desde décadas passadas.

Parte dos méritos vai para o produtor John McEntire (do Tortoise e The Sea and Cake), que assumiu as rédeas da obra e ajudou o trio a fazer um álbum sensível com faixas cheias de personalidade, ainda que todas muito bem entrelaçadas entre si em uma longa sequência que flui naturalmente.

Ohm, a abertura, e Before We Run, o encerramento, são as mais longas e mais “cheias” sonoramente, amarrando bem as pontas do disco. A primeira traz os músicos em coro em uma melodia amigável e guitarras distorcidas, quase um flerte leve com a Psicodelia, enquanto a última se arrasta até o fim com um longo diálogo entre timbres. Curiosamente, apenas essas duas terminam em fade, o recurso técnico do som ou imagem diminuir aos poucos até não existir.

Em contrapartida, é isso o que parece acontecer com a segunda metade do álbum. Enquanto a primeira parte, cheia de canções animadinhas como Paddle Forward e Well You Better, de Stupid Things (a quinta faixa) em diante, a obra toma um formato mais íntimo, quase silencioso. Eles cantam baixinho, as músicas tem poucos instrumentos e alguns detalhes você só vai notar se aumentar o volume para escutar com fones de ouvido.

E há muita beleza ali. Beleza simples, quase corriqueira, mas muita. É interessante como várias das faixas parecem estar conectadas umas com as outras, mesmo com alguns segundos de silêncio entre elas. É como uma narrativa leve e sem clímax, ainda que com uma dinâmica bem definida e muito agradável.

Fade lembra muito diversos bom trabalhos da Yo La Tengo ao longo de suas quase três décadas de existência. Pode não ser um daqueles álbuns que mudam vidas, mas fica difícil segurar o sorriso ao ouvir preciosidades como Is That Enough, The Point of It e Cornelia and Jane. Mas isso de precisar causar muito impacto cabe melhor aos novatos. Aos experientes, cabe realizar um bom trabalho. Neste caso, tarefa concluída.

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Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.