Resenhas

Memory Tapes – Grace/Confusion

Confundir e encantar de forma plena é o objetivo principal de Dayve Hawke ao lançar seu terceiro disco de estúdio

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Ano: 2012
Selo: Carpark
# Faixas: 6
Estilos: Dream Pop, Synthpop, Chillwave, Eletrônica
Duração: 38:45
Nota: 3.5

Dayve Hawk iniciou sua trajetória na música sob a alcunha de Memory Cassete, focado em uma sonoridade plenamente caseira e sem altos investimentos técnicos, mas acabou atualizando-se dali a algum tempo do nome de Memory Tapes e, através de seu primeiro disco em 2009, Seek Magic, foi que o rapaz se aventurou na tal extensão atual do Synthpop dos anos 80 com os mesmos ritmos de seu início, porém de maneira mais sutil, se encaixando também entre um dos destaques do nascimento do gênero Chillwave. O disco, que veio em dois anos seguintes, trazia um novo olhar de Hawk sob a música Eletrônica e a inserção de guitarras, fazendo de Player Piano um trabalho que seguia menos suas origens e mais seus impulsos.

O terceiro disco possui já em seu nome um aspecto que fica muito claro desde o início: Grace/Confusion traz, em pouco mais de 30 minutos, uma abrangente variação de timbres e oscilação de referências que despertam nos ouvintes em suas primeiras audições a busca por uma ordem linear devido à confusão causada.

No entanto, as criações musicais emplacadas vem em estado de graça e primor e encantam pelo cuidado, flexibilidade e variação repentina sem desapontar dentro de uma mesma faixa, como acontece em vários momentos. A surpresa talvez seja certa caso esse seja o primeiro contato com o material de Dayve. O álbum reúne todas as influências adquiridas pelo rapaz através do tempo em que trabalhou com a música: Dos ecos vocais do Dream Pop de Neighbourhood Watch, passando por baladas de sintetizadores recheadas de espaços vazios em Safety, às nuances obcuras de Let Me Be, que se alastram até chegar a riffs do Psychdelic Pop em Sheila. O produtor divide-se em momentos mais orgânicos e eletrônicos sem se desequilibrar num contexto geral.

Em entrevista dada à MTV Hive há algum tempo, Dayve disse que tudo o que queria era “que seu novo trabalho soasse como uma bagunça de grandes proporções” e que o próprio não via o disco como uma compilação de canções, mas como momentos musicais que existiam em um contexto maior. Grace/Confusion é um bom desafio para os que procuram por música em grande parte para encaixá-la em grandes caixas de estilos marcados e tê-los como conceitos imutáveis. Hawke mostra a entrada de um belo labirinto que resume ao ouvinte a eficiência e habilidade que tem com ritmos eletrônicos. Com direito a um grande número de saídas, fica a mercê de quem escuta escolher o caminho da apreciação ou do entendimento pleno.

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Autor:

Jornalista por formação, fotógrafo sazonal e aventureiro no design gráfico.