Resenhas

Editors – Violence

Sexto disco do grupo inglês prioriza ares soturnos e aspectos da música Eletrônica

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Ano: 2018
Selo: PIAS
# Faixas: 9
Estilos: Indie Rock, Synthpop, Indie Pop
Duração: 43:17
Nota: 3.0
Produção: Leo Abrahams e Editors

Talvez não tão conhecido no Brasil, o grupo inglês Editors se consolidou na década de 2000 como um dos nomes mais relevantes e populares do Indie Pop britânico. Apostando em sonoridades que dosavam o aspecto dançante do Indie com elementos dark (como White Lies e Franz Ferdinand), a banda possui uma discografia que, apesar de diversa, sempre se limitou a explorar as potencialidade deste quadrado criativo, com poucos pontos fora da curva. Porém, três anos depois de seu último trabalho, In Dream, parece que os primeiros sinais de uma mudança mais perceptível começam a aparecer e, apesar de tardia, é notável que há um esforço interessante no sentido da atualização.

Violence ainda é escuro e traiçoeiro, nos levando por caminhos dançantes mas que sempre desembocam naquele sentimento “final de festa” que tantos adoram. Acontece que agora o que define as texturas e expressões destes caminhos é a música Eletrônica. Com ajuda do produtor Blanck Mass, a banda procura formas de refinar o elemento escuro de sua estética, usando timbres de sintetizador violentos, reverbs cavernosos e ritmos profundos. Ao mesmo tempo que esta novidade tenha algumas limitações e possa causar em algum momento a sensação de estar escutando a mesma faixa repetidamente, é interessante comparar o conjunto deste disco com os demais. Enquanto em outros trabalhos a escuridão vinha com um tom irônico em meio aos elementos alegres do Indie, aqui o inverso se manifesta, usando instrumentos soturnos como a aura principal do trabalho.

Cold, com melodias Pop, introduz aos poucos os tons acinzentados do trabalho, assemelhando-se em alguns momentos com um Pop radiofônico Imagine Dragons. Violence traz timbres profundos para ilustrar a batida eletrônica constante, provando em alto e bom tom sua tese cruel (“Baby, we’re nothing but violence”). Nothingness começa a demonstrar alguns sinais da fragilidade desta nova sonoridade, fazendo este exercício de tensão e respiro previsível depois das primeiras vezes. Magazine simula com timbres remodelados situações eclesiásticas, como os coros ecoados e órgãos fortes, mas logo já cede espaço àquela batida dançante recorrente. Por fim, Belong encerra o disco em uma dramática composição misturando momentos que com certeza poderiam ser trilha de uma peça de teatro dramática e grandiosa.

Este pode não ser o trabalho mais desafiador ou inventivo do grupo, mas certamente tem bons momentos que retomam de uma maneira nova o período de ouro do grupo (The Back Room e And End Has A Start). Entediante para alguns e instigante para outros, Violence é um trabalho que pode dividir opiniões, mas que vale uma audição para perceber os novos caminhos que podem ser seguidos pelo grupo.

(Violence em uma faixa: Magazine)

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ARTISTA: Editors

Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique